O presidente executivo do Banco Espírito Santo (BES), Ricardo Salgado, elogiou esta segunda-feira os nomes propostos para a nova administração da instituição financeira e frisou que, desta forma, está assegurada a “transição geracional que se impõe”.
“No limiar de cumprir 70 anos, decidi, pois, que era chegado o momento de passar o testemunho da liderança executiva do BES. Por indicação do acionista Espírito Santo Financial Group (ESFG), o Dr. Amílcar Morais Pires, atual Chief Financial Officer [administrador financeiro], e quadro do BES há mais de 28 anos, é o proposto para presidente da Comissão Executiva. O currículo do Dr. Amílcar Morais Pires impõe-se por si próprio”, escreveu Ricardo Salgado numa mensagem enviada aos trabalhadores do banco, a que a Lusa teve acesso.
A declaração surge no dia em que o Jornal de Negócios escreve que o Banco de Portugal não abdicará do seu poder de aceitar, ou não, os nomes agora propostos para liderar o BES.
Em relação ao nome proposto para a presidência do conselho de administração, o atual deputado do PSD Paulo Mota Pinto, o responsável do BES refere que se trata de “um profissional com provas dadas no plano jurídico, nomeadamente no que diz respeito aos novos quadros regulatórios e de supervisão internacionais”.
“Neste sentido estará assegurada de uma forma célere e clara, a transição geracional que se impõe para a entrada num novo ciclo de crescimento e rentabilidade tendo como ponto de partida a invejável capacidade e competência da equipa composta por todos os colaboradores e a muito importante confiança dos clientes do banco”, acrescentou Ricardo Salgado, que elogiou ainda os nomes de Isabel Almeida e Rita Barosa como novos rostos da Comissão Executiva do banco.
O presidente executivo do BES salientou também o “sucesso do décimo aumento de capital do banco após a privatização, uma operação que venceu todas as adversidades” e “veio reafirmar a condição exclusiva de ser o único, entre os grandes bancos portugueses, que não necessitou de recorrer ao Estado para se recapitalizar”.
“Por outro lado, pelo facto do Espírito Santo Financial Group (ESFG) e o Crédit Agricole terem saído da BESPAR e as suas ações do BES passarem a ser diretamente detidas por ambos os acionistas, ficou alterado o mecanismo de controlo do capital do Banco, o que deverá obrigar à desconsolidação do BES no ESFG e à perda de influência significativa na gestão”, refere Salgado.
O BES e o ESFG têm vivido um período conturbado, que culminou com o agendamento, na sexta-feira, de uma assembleia-geral extraordinária do BES para 31 de julho.
Os acionistas serão confrontados com as propostas do principal acionista do banco, o ESFG, com 25,1% do capital, entre as quais se destaca a saída do líder histórico Ricardo Salgado da presidência executiva do banco.
O banqueiro deverá ser substituído na liderança da instituição por Amílcar Morais Pires, atual administrador financeiro, mas não vai dizer adeus à instituição.
Isto porque, caso os acionistas assim o aprovem na reunião magna, vai presidir a um novo órgão do banco, o Conselho Estratégico, que contará também com José Maria Ricciardi, entre outros.