No final da reunião do executivo da junta, que contou com a participação das duas associações de comerciantes do mercado, António Fonseca comprometeu-se a “levar ao executivo da câmara do Porto” a posição da junta “e pressionar também no sentido de ter uma resposta rápida para acabar com esta angústia dos comerciantes do Bolhão”.
O autarca defendeu que “o Bolhão não pode ser descaracterizado, mas adaptado à nova realidade, quer em horários quer em serviços, e ter os seus frescos tradicionais às sete ou oito da manhã”, apelando ainda ao entendimento das duas associações presentes.
António Fonseca assegurou que o assunto será levado à Câmara “esta semana”, esperando uma resposta “o mais breve possível”. “Queremos forçar a que seja divulgado um calendário [para a intervenção no mercado do Bolhão]”, frisou o presidente da junta, que defende “um projeto que não descaracterize mas adapte” o espaço “à nova realidade” e para quem, no futuro, “fazia sentido que o mercado fizesse parte [das competências] da junta”.
O autarca considerou ainda “importante que o poder político avance com uma solução” rápida para o mercado, que “vai criar postos de trabalho” em áreas como o turismo e a restauração. Durante a reunião os ânimos exaltaram-se entre o presidente da Associação de Comerciantes do Bolhão e o da Associação de Comércio Tradicional Bolha de Água, que representam os trabalhadores do mercado do Bolhão, que trocaram acusações, tendo António Fonseca pedido que esquecessem o passado e se concertassem numa “luta conjunta” pela reabilitação do espaço.
Alcino Sousa, da Associação de Comerciantes, lamentou a situação “preocupante” dos trabalhadores do mercado, cuja “indefinição tem conduzido a uma agonia lenta das condições de vida”, e defendeu a criação de “estacionamento” no Bolhão.
Já Miguel Mendonça, do Bolha de Água, defendeu a “continuidade da gestão pública do Bolhão” com a participação dos comerciantes, que devem ser reconhecidos “como inquilinos de pleno direito”.
Na reunião foi ainda decidido, por proposta da Associação de Comerciantes, organizar um evento de celebração do centenário do Mercado do Bolhão, comemorado no dia 19 de julho.
A 22 de maio a câmara do Porto informou não estar ainda decidido o modelo económico-financeiro ou arquitetónico para a reabilitação do Mercado do Bolhão, contrariando então declarações do vereador do Urbanismo. “O restauro do Mercado do Bolhão e o modelo futuro de funcionamento serão decididos pelo executivo presidido por Rui Moreira e todos os seus pormenores, financiamento e calendarização serão comunicados, a seu tempo, pelo presidente da Câmara”, referia a autarquia em comunicado então divulgado.