O ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schauble, classifica Portugal como um caso de sucesso na recuperação da economia e do emprego, referindo que a Irlanda, a Espanha e a Grécia também merecem nota positiva.

Numa entrevista publicada esta sexta-feira no Jornal de Negócios, Schauble notou que quer a economia quer os números do emprego estão a recuperar em Portugal: “Isso é um sucesso: mais pessoas estão a ter emprego e essa dinâmica tornar-se-á mais evidente ao longo do tempo”.

“Portugal é uma história de sucesso, como é a Irlanda e a Espanha. A Grécia é também uma história de sucesso, mas mais difícil”, referiu o ministro que, porém, se recusou a comparar Portugal e a Grécia.

Comentando a decisão de Portugal prescindir da última parcela do resgate financeiro da ‘troika’, o ministro alemão defendeu a necessidade de encontrar alternativas à decisão do Tribunal Constitucional de “cancelar medidas orçamentais”.

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“Isso demora tempo e teria causado atrasos neste último desembolso, o que poderia ser interpretado nos mercados como um sinal de que Portugal precisa de medidas adicionais para cumprir as suas metas, o que é completamente errado”, afirmou o governante, acrescentando confiar em Portugal.

O ministro comentou ainda que “qualquer modalidade de assistência só pode ser concedida para resolver problemas”.

“Dar assistência sem combater os problemas conduz a abusos e, pura e simplesmente, não faz sentido”, concluiu.

Schäuble disse ser compreensível procurar “alguém em quem possamos pôr a culpa pelas nossas falhas” e haver um apontar de dedo à Alemanha, mas afirmou que acredita que “a maioria das pessoas sabe que o governo alemão se preocupa com os assuntos europeus” e que quer é uma “Europa forte” num mundo globalizado.

O ministro sustentou que o Tratado Orçamental e o Mecanismo Europeu de Estabilidade “servem o melhor interesse de Portugal e do povo português”.

Quanto à Alemanha, Schauble considerou ser uma “lição bem sabida” o incumprimento do Pacto de Estabilidade em 2004, recordando que a chanceler Merkel pediu desculpas e garantiu que iria cumprir as regras no futuro.

“Estamos determinados em manter essa promessa viva porque ela é a base para que a Europa possa avançar”, acentuou.

O governante defendeu que se deve procurar o “mais cedo possível” uma solução comum e uma decisão unânime quanto à criação de um Tesouro e de um ministro das Finanças do euro, referindo que se deve “confiar em estruturas e instituições”.

Wolfgang Schauble reiterou ainda que o próximo presidente da Comissão Europeia será Claude Juncker, de acordo com os resultados das últimas eleições europeias.