A paralisação, convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (SINTAC), que representa pessoal de terra, teve início a 18 de junho e terminou sábado com uma ameaça sindical de nova greve face ao “reafirmar da indisponibilidade negocial” da empresa”.
O dirigente do SINTAC, Filipe Rocha, adiantou hoje à Lusa que “não se registou a mesma adesão” nos dias da greve, mas no global a paralisação situou-se “entre os 90% e 95%, provocando “atrasos em voos” assistidos por pessoal de terra afeto ao SINTAC e demoras “nas entregas de bagagens e ´check-in´”.
Já o porta-voz da SATA, Luís Filipe Cabral, disse à Lusa que a adesão à greve foi “de 30%”, acrescentando que se registaram “alguns atrasos” no “primeiro, segundo e terceiros dias”, mas “muito pouco significativos”.
O dirigente do SINTAC, Filipe Rocha, voltou a apontar que a companhia aérea açoriana “socorreu-se a trabalho precário, pondo em causa uma série de procedimentos”, o que levou o sindicato a fazer “uma denúncia à Inspeção de Trabalho”, mas o porta-voz da companhia aérea reafirmou que a empresa “não faz comentários” sobre esta acusação feita pelo sindicato.
“Fizemos ouvir a nossa voz e não vamos abandonar o nosso objetivo”, sublinhou ainda Filipe Rocha, lembrando que o sindicato vai apresentar uma queixa no tribunal de trabalho contra a SATA, tal como já tinha anunciado após uma audição na quinta-feira na Comissão Permanente de Economia a pedido do CDS-PP.
O dirigente sindical disse ainda que o sindicato vai reunir com os trabalhadores, admitindo que “uma das hipóteses é um novo momento de greve”, alegando que “não existem respostas” da companhia aérea dos Açores.
Na origem desta greve está um acordo assinado entre a administração da SATA e a plataforma de sindicatos da empresa em 2013, que visou compensar os trabalhadores da companhia aérea regional pelos cortes salariais do Orçamento do Estado, em troco de maior produtividade.
Os associados do SINTAC – que quando o acordo foi assinado não integrava a plataforma sindical – rejeitaram, porém, o entendimento, que consideram ilegal, e reivindicam a aplicação na SATA do mesmo entendimento assinado na TAP.
Na mesma comissão parlamentar, realizada na quinta-feira, o presidente do Conselho de Administração da SATA afirmou que a empresa não pode pôr em causa um acordo que assinou com 1.200 trabalhadores por causa de um sindicato, afirmando que tem negociado com o SINTAC desde o ano passado, mas não pode atender à sua reivindicação de ser aplicado na SATA o acordo conseguido na TAP, por isso nunca ter sido possível, a nível legal, e por haver um acordo com o resto dos trabalhadores.
Luís Parreirão sublinhou que a empresa assinou um entendimento com todos os sindicatos que na altura representavam trabalhadores da SATA e que os compensava parcialmente pelos cortes a troco de “contrapartidas” nível da flexibilização de horários.
Quando depois um grupo de trabalhadores mudou de sindicato para o SINTAC e rejeitou o acordo, deixou de dar essas “contrapartidas” à empresa que, por sua vez, também não lhes pagou a correspondente compensação.