Duas semanas depois de três jornalistas da Al-Jazeera terem sido condenados por um tribunal egípcio a sete e dez anos de prisão, o presidente do Egito fez saber que preferia ter deportado os jornalistas em vez de os julgar. “Depois de terem sido presos, preferia que os jornalistas tivessem sido deportados em vez de serem julgados”, disse Abdel Fattah el-Sisi ao jornal egípcio Al-Masry Al-Youm. “O julgamento destes jornalistas está a ter efeitos muito negativos e nós não tivemos nada a ver com isso”, acrescentou.
Detidos desde dezembro, o australiano Peter Greste, correspondente do canal em língua inglesa da Al-Jazeera, o egípcio-canadiano Mohamed Fadel Fahmy, chefe da delegação da estação no Cairo, e o produtor Baher Mohamed foram condenados a sete anos por alegadamente terem colaborado com uma “organização terrorista”, a Irmandade Muçulmana. Mohamed recebeu uma sentença adicional de três anos por posse ilegal de munições.
As declarações do presidente egípcio vieram dar alguma esperança aos familiares dos jornalistas. “Eu quero acreditar que estão a ser feitos esforços a todos os níveis e que pode ser alcançada uma solução amigável”, disse o irmão de Peter Greste, Andrew, à Al-Jazeera. “Tenho a certeza que as imagens em que o Peter aparece enjaulado no tribunal não são imagens que o Egito queira que todo o mundo veja. E a publicidade também não é aquela que um país quer”, acrescentou. Imediatamente após a condenação, Sisi afirmou que não iria interferir na sentença do tribunal. “Temos de respeitar as decisões judiciais e não as podemos criticar, mesmo que os outros não entendam isso”.