António José Seguro e Pedro Passos Coelho estiveram reunidos esta quarta-feira de manhã para escolherem o próximo comissário europeu indicado por Portugal. E do encontro não saiu nem um nome, nem um perfil, garantiu o líder do PS. Apenas uma “convergência” sobre “o universo de pastas” que serão desejáveis para Portugal. Qual pasta? Não disse – o segredo é a alma do negócio.

“Não falámos de nenhum nome, nem sequer de perfil”, garantiu o secretário-geral do PS em conferência de imprensa depois da reunião com Passos Coelho. Disse Seguro que falaram da “agenda europeia que considero importante para Portugal”.

Portugal deverá indicar um nome ao presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, para integrar a equipa de comissários. Vários países já indicaram quais as pastas preferenciais e até alguns nomes.

Por cá, Seguro garantiu que foi dicutido e consensualizado entre os dois o “universo de pastas” que é “desejável” e qual o que não é, mas não especificou quais seriam essas matérias.

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o melhor possível, excluindo as centrais

Em Bruxelas, as expectativas de que Portugal possa conseguir uma pasta central nas negociações que vão seguir-se são mínimas, para não dizer inexistentes. Energia, Concorrência, Mercado Interno, para além da Economia ou das Finanças, são carta fora do baralho. Não só porque são cobiçadas por países ‘pesados’, mas também porque Portugal teve nestes dez anos a presidência da Comissão, o cargo de topo que não dá muita margem para negociar os cinco anos que se seguem.

Mas há outras hipóteses em cima da mesa, também potencialmente interessantes. A das Pescas, por exemplo, como a da Investigação.

As negociações vão agora prosseguir, com Juncker no centro da equação. O luxemburguês já avisou que tem uma preferência quando receber propostas dos vários países: mulheres. Têm chegado muitos nomes de homens e o novo presidente quer equilibrar a equipa.

seguro satisfeito

No final da conferência de imprensa, Seguro disse ter saído satisfeito com a reunião: “Foi muito positivo que o primeiro-ministro tenha querido saber a posição do PS” sobre esta matéria.

Mas a convergência acaba aqui. Seguro disse que mantinha tudo o que tinha defendido até aqui, o que implica a defesa de um nome da área socialista, mas quando questionado sobre o facto não se alongou em declarações. Até porque no último debate quinzenal, Passos deixou no ar a ideia de que não iria indicar um comissário socialista, comparando a situação portuguesa à francesa, onde a Frente Nacional ganhou as eleições. Passos disse na altura que dar uma pasta ao PS (que ganhou as eleições, mas não está no Governo) seria o mesmo que em França, Hollande dar o comissário a Marine LePen.

Este foi o primeiro encontro e para já único. Segundo Seguro não ficou agendada nenhuma reunião, embora tenha admitido que estejam combinados contactos enquanto decorrem as negociações em Bruxelas.