Paulo Portas lembrou aos militantes no jantar de 40 anos do partido que sem o CDS, o sistema político do país seria “tomado” pelo centrão PS e PSD, sublinhando que desde a sua formação, os centristas têm sido “indispensáveis” à formação de maiorias. No entanto, o líder do partido deixou um aviso para o atual compromisso com o PSD no governo: “é tão imperativa a coligação como é compreensível a defesa da nossa identidade já que não se trata de uma fusão”.

O CDS reuniu esta quinta-feira à noite os seus militantes na LX Factory para dar inicío às comemorações do 40º aniversário do partido que se vai celebrar no próximo dia 19 de julho, sem ter no entanto qualquer líder presente, excepto Paulo Portas. O presidente do partido aproveitou esta ocasião para lembrar a todos o papel do CDS na democracia portuguesa e na elaboração de compromissos governativos. “O povo português chamou sempre o CDS ao governo quando as circunstâncias eram de exigência extrema. Sempre que nos chamaram foi com a casa a arder e a penúria à vista de todos”, disse Paulo Portas, dando como exemplo mais recente a coligação que atualmente mantém no governo com o PSD.

Uma coligação “imperativa” na sua opinião, mas que “dá trabalho”. O vice-primeiro-ministro diz que apesar da  “circunstância arreliantemente teimosa” do CDS não ter resultados que lhe permitam governar, o partido “não desiste de ser maior” nem de “ser posto à prova”. Deu ainda o CDS como garantia de governos de centro-direita, assegurando que se não fosse o partido, o sistema político português seria “tomado” pelo centrão PS e PSD. Telmo Correia, presidente do Conselho Nacional e da distrital de Lisboa, disse que o partido “está unido” para as próximas legislativas e que serão “os militantes a decidir se o partido vai a eleições sozinho ou em coligação”.

Por isto, relembrou os momentos mais difíceis do partido, nomeadamente da sua fundação, embora nenhum dos membros fundadores vivos com mais destaque estivesse presente na sala – uma decisão da organização das comemorações, que preferiu não convidar figuras como Freitas do Amaral ou Basílio Horta para este jantar. “Não estou aqui para purgar a história, assumimos a história do partido como um todo” sublinhou Paulo Portas, enunciando todas a lideranças e recebendo aplausos da sala. A abertura do jantar ficou a cargo de Nogueira de Brito que lamentou a ausência dos fundadores.

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Um dos temas que mais dificuldades trouxe ao partido, foi o voto contra a Constituição de 1976. Portas disse que atualmente a lei fundamental “foi ficando menos má, revisão após revisão”, defendendo que em vez de revolução, o que deveria ter acontecido em Portugal devia ter sido uma transição de poder similar ao que aconteceu em Espanha.

“Portugal teria sido poupado aos excesso revolucionários. CDS teria sido farol das nova oportunidades. Portugal ter-se-ia desenvolvido mais depressa e de forma mais responsável” sublinhou Paulo Portas

Apesar da abundância de deputados da bancada parlamentar do CDS e dos ministros centristas – Mota Soares, Pires de Lima e Assunção Cristas – estarem todos presentes na sala, houve uma ausência notada, a de Ribeiro e Castro. O Observador sabe que o ex-líder do CDS e atual deputado centrista estará presente no jantar que vai decorrer na sexta-feira no Porto.