A missão da ONU na Líbia (Unsmil) anunciou esta segunda feira que vai “retirar temporariamente” os seus funcionários da Líbia “por motivos de segurança”, depois dos combates de domingo junto ao aeroporto de Tripoli, avançou a agência noticiosa AFP.

“A Unsmil [United Nations Support Mission in Libya] anuncia a retirada temporária do seu pessoal na Líbia por motivos de segurança”, lê-se no comunicado enviado à AFP. As Nações Unidas já tinham começado a reduzir o seu efetivo na Líbia na semana passada e após os combates de domingo, a missão “concluiu que não poderá continuar com o seu trabalho”, revelou a Unsmil.

“Os rumores sobre os ataques são muitos”, contou ao Observador um português a morar na Líbia, que prefere não revelar a sua identidade. Acerca do que ouviu, avança que se sabe que os líderes tribais foram ao aeroporto de Tripoli tentar negociar com a brigada de Zintan, para que esta deixe de controlar o aeroporto.

“O que dizem é que chegaram a acordo, mas que a brigada de Zintan impôs uma condição relacionada com o aeroporto militar de Tripoli, gerido por extremistas ligados ao Qatar e à Turquia: eles só saíam do aeroporto se os outros saíssem do militar. Mal os líderes tribais saíram do aeroporto, começaram os ataques”, acrescenta.

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 Em Tripoli diz-se que os ataques deste domingo podem ter sido uma antecipação do que estava preparado para o vigésimo dia do ramadão.

Os confrontos foram desencadeados por um ataque de milícias islamitas, para tentar expulsar os antigos rebeldes do aeroporto, que não controlam desde 2011. Bases militares e moradias de ministros e familiares do antigo regime também foram alvo dos islamitas, contou o português ao Observador.

“Toda a gente andava a falar sobre o vigésimo dia do Ramadão. Em 2011, foi no vigésimo dia do Ramadão que Tripoli foi libertada, por exemplo. O que se passou no domingo era para ter acontecido no dia 18 de julho [vigésimo dia do Ramadão], mas como se falava muito nisso, anteciparam os ataques”, refere.

A evacuação dos funcionários da ONU é uma “medida temporária”, segundo a Unsmil. O pessoal regressará “logo que as condições de segurança o permitam”. Um contingente da ONU abandonou a Líbia no domingo por via terrestre, em direcção à Tunísia, a 170 quilómetros a oeste de Tripoli, de acordo com testemunhas.

Sobre se existem rumores que apontem para ataques no dia 18, o português refere que ainda não ouviu nada sobre o assunto e acrescenta que a refinaria de petróleo situada na estrada do aeroporto, já não produz há dois dias, porque os camiões se recusam a ir para lá. “A gasolina não sai de lá, porque os camionistas têm medo de ser atingidos por uma bala perdida”, avança.

O ataque foi repelido pelos ex-rebeldes de Zenten, uma vila situada a sudoeste de Tripoli, e a situação na capital esteva calma na segunda-feira, embora se mantenham os receios de repetição dos conflitos.