Três militares e quatro estudantes portugueses participaram esta segunda-feira em Paris no desfile do 14 de Julho, dedicado ao centenário do início da I Guerra Mundial, que juntou pela primeira vez delegações de todos os países combatentes, incluindo Portugal.
Cerca de 3.700 pessoas, incluindo 200 soldados vindos de 80 países, desfilaram na longa Avenida dos Campos Elísios, com as delegações estrangeiras a abrirem o desfile com honras militares, enquanto o encerramento coube a 250 estudantes oriundos dos países que participaram no primeiro conflito mundial.
O desfile contou ainda com 54 aviões, 36 helicópteros, 285 veículos e 241 cavalos, pelo que o chefe da delegação militar portuguesa e porta-estandarte, Bruno Canhão, admitiu à Lusa estar “um bocadinho nervoso porque ver tanta gente cria uma impressãozinha na barriga”.
Por sua vez, Carlos Valente, cabo da Marinha com 54 anos e 33 de serviço militar, prometeu que no dia em que sair da Marinha leva consigo “a recordação de ter participado nos cem anos da comemoração da I Guerra Mundial para contar aos filhos e netos”.
A delegação portuguesa desceu os Campos Elísios e marchou até à Praça da Concórdia, posicionando-se na primeira linha, frente à repleta tribuna presidencial, onde estavam os representantes estrangeiros, incluindo o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros português, Rui Machete.
“Com 80 países a desfilar, o mundo vai estar a ver-nos. 80 países é o mundo aqui”, descreveu, orgulhoso, Nuno Pinho, sargento-ajudante do Exército, acrescentando ser uma “imensa honra e orgulho representar tanto os atuais portugueses como os que participaram cá na I Guerra Mundial”.
O militar, de 46 anos, relembrou que “a maioria dos franceses não sabe que Portugal esteve na I Guerra Mundial com mais de dez mil homens em La Lys”, precisando que apenas algumas pessoas da comunidade portuguesa estão a par e salientando o seu bom acolhimento.
Milhares de pessoas afluíram de madrugada aos Campos Elísios para ver o desfile, como Maria de Lurdes Cardoso, de 86 anos e residente em Sesimbra, que veio a Paris visitar a neta para assistir às comemorações da I Guerra Mundial porque o seu pai “andou na guerra de 1914, era marinheiro e sobreviveu”.
O desfile foi o culminar de uma semana de ensaios durante a madrugada nos Campos Elísios, de visitas ao Palácio de Versalhes, ao Museu do Louvre e ao Museu dos Inválidos e até de uma viagem turística pelo Sena com cerca de três mil militares franceses e estrangeiros.
“De terça até sábado levantámo-nos cerca das três da manhã para tomar o pequeno-almoço às 3h40 horas porque tínhamos de embarcar nos autocarros às 4:00 horas. Os ensaios eram às 4:30 horas ou cinco da manhã”, contou Bruno Canhão, segundo-tenente da Marinha Portuguesa, durante uma festiva viagem de barco na véspera do desfile.
Quem também passou a semana em ensaios foram os quatro estudantes portugueses, dois rapazes e duas raparigas, com idades entre os 18 e os 22 anos, escolhidos em função do mérito escolar nas escolas militares que frequentam, contou à Lusa José Cunha, aluno na Escola Naval.
Fá Sanhá, da Academia da Força Aérea de Sintra, sublinhou “a missão de prestar homenagem aos combatentes da I Guerra Mundial” e de representar os países combatentes “nesta grande festa da juventude”.