A Espírito Santo International (ESI) informou nesta sexta-feira os credores que se candidatou ao regime de gestão controlada no Luxemburgo por não estar “em condições de cumprir as suas obrigações” no que respeita ao pagamento das dívidas. Em comunicado, a empresa adianta que o regime de gestão controlada permitirá defender os interesses dos “credores de forma transparente e ordenada sob o controlo dos tribunais”.

“Atualmente, a ESI não está em condições de cumprir as suas obrigações, devido à maturidade de uma parte significativa da sua dívida”, explica a holding do Grupo Espírito Santo (GES). Se o regime de gestão controlada for aceite, “todas as acções judiciais interpostas pelos credores serão suspensas (exceto certos acordos de garantia financeira válidos), de forma a permitir a implementação de um plano de gestão e liquidação de ativos sob o controlo de um tribunal”, adianta o comunicado.

“A ESI acredita que o regime de gestão controlada permitirá defender os interesses dos seus credores de forma transparente e ordenada sob o controlo dos tribunais e respetivos oficiais nomeados (‘comissaires’), permitindo em particular um processo de gestão do valor dos ativos para os credores mais adequado do que uma liquidação rápida e massificada”, sublinha a empresa. Os credores, acrescenta a ESI, “serão informados, em devido tempo e de forma apropriada, sobre os progressos realizados”.

A ESI é a ‘holding’ de topo do GES e detém 100% da Rioforte que é responsável pela gestão dos negócios de imobiliário, turismo, agricultura, saúde e energia do GES. Através da Rioforte, a ESI detém uma participação indireta (49%) na Espírito Santo Financial Group (ESFG) que gere os interesses do Grupo no setor financeiro, nomeadamente no Banco Espírito Santo (BES) em Portugal, Banque Privée, Espírito Santo na Suíça e na Tranquilidade.

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Novo presidente executivo do BES, Vítor Bento, disse na segunda-feira, dia em que entrou em funções, que a prioridade no banco é “reconquistar a confiança dos mercados”.

O BES divulgou em maio que uma auditoria pedida pelo Banco de Portugal às contas da ESI tinha detetado “irregularidades”. Segundo o documento divulgado na altura através da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a auditoria externa levada a cabo na ESI, relativa às contas de 30 de setembro de 2013 e 31 de dezembro de 2013, “apurou irregularidades nas suas contas e concluiu que a sociedade apresenta uma situação financeira grave”.

No mesmo sentido, a comissão de auditoria da ESFG “identificou igualmente irregularidades materialmente relevantes nas contas” da ‘holding’. O BES acrescentava que esta situação podia afetar a sua reputação, apesar de o banco não ser responsável pela ESI e de a ESFG ter tomado medidas para acautelar problemas.

Entretanto, o novo presidente executivo do BES, Vítor Bento – que substituiu o líder histórico Ricardo Salgado após estas notícias – disse na segunda-feira, dia em que entrou em funções, que a prioridade no banco é “reconquistar a confiança dos mercados” e pôr fim à especulação. O Banco de Portugal já veio várias vezes a público garantir a solidez financeira do BES.