A CDU criticou hoje a Câmara do Porto por estar “a fazer de conta” que resolve o problema do Mercado do Bolhão, alertando que sem “discursos retóricos”, a candidatura a fundos comunitários “já tinha sido apresentada”.

As declarações foram feitas em conferência de imprensa por Honório Novo, deputado da CDU na Assembleia Municipal do Porto, que assegura ser hoje o centenário do atual edifício do mercado e defende que, ao “fazer polémica pública” sobre a data, a autarquia “pretende esconder que não tem nada para oferecer”.

Honório Novo alertou ainda para a possibilidade de se estar equacionada a possibilidade de se estar a “pensar noutra estratégia, de concessionar o espaço a uma entidade privada, transformando um mercado de frescos de gestão pública numa espécie de centro comercial”.

Também Pedro Carvalho, vereador da CDU, alertou que as propostas do presidente independente Rui Moreira e a dos socialistas “não eram compatíveis” mas que foi a do autarca “que o PS subscreveu no acordo político” pós-eleitoral.

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“No início do ano, Rui Moreira alertou que o quadro dos futuros fundos comunitários não era suficiente bondoso relativamente às prioridades da cidade e que Bolhão não era passível de inclusão nesse quadro, tendo sido consensualmente debatido que tinha de estar. Passados todos estes meses, este silêncio olímpico permite-nos tirar ilações”, justificou o deputado.

Por isso, defendeu, é tempo de “[o presidente] Rui Moreira e [o vereador da Habitação, do PS] Manuel Pizarro deixarem de encenar discursos retóricos que não têm uma correspondência prática”.

“Se tivessem, era já altura mais suficiente para que a Câmara tivesse desenvolvido do ponto de vista das candidaturas ao Quadro Comunitário de Apoio [QCA], os passos necessários para que essa candidatura já tivesse sido apresentada”.

Pedro Carvalho, vereador da CDU na Câmara do Porto, lamentou que o mercado comemore “hoje o seu centenário num quadro de grande incerteza quanto à sua reabilitação”, defendendo a importância de “assegurar o devido financiamento público, nomeadamente ao nível comunitário”.

“Para a CDU, a questão estratégica é manter e ampliar a vertente de mercado de frescos, manter um mercado de gestão pública, preservar o património cultural e preservar os seus comerciantes”, que correspondem hoje a apenas “20%” dos que ali faziam negócio “há uma década”.

Pedro Carvalho considerou “inadiável” avançar com a requalificação, nomeadamente “porque o grau de degradação do edificado existente pode vir a atingir uma situação irreversível de sustentação”.

A Câmara do Porto recusou na segunda-feira que o centenário do mercado do Bolhão se assinale em 2014, já que em 1914, data que tem sido apontada para a efeméride, se refere apenas à adjudicação do projeto.

“A Câmara tem a certeza que o atual mercado do Bolhão não faz cem anos este ano. Em 1914, é aprovado na Câmara o projeto de construção do atual edifício a 17 de julho. Para a autarquia, e isso está registado em ata, o imóvel foi concluído em 1923”, assegurou à Lusa o assessor de imprensa do município, garantindo não ter “qualquer referência, oficial ou oficiosa, ao dia 19 de julho”.