A agência de notação financeira Standard and Poor’s (S&P) anunciou esta terça feira ter revisto em alta o ‘rating’ da dívida de longo prazo do Banco Comercial Português (BCP) de ‘B’ para ‘B+’, devido ao recente aumento de capital.

“Esta ação sobre o ‘rating’ reflete a nossa visão de que o Millennium BCP reforçou a sua posição de capital após completar com sucesso o aumento de capital de 2,2 mil milhões de euros”, justificou a S&P, acrescentando que acredita que “o banco vai ser capaz de manter um nível de capital confortável acima dos rácios mínimos (…) durante os próximos 12 a 18 meses”.

A agência de ‘rating’ aponta para o rácio mínimo de capital ajustado ao risco de 3%, considerando que o aumento de capital deve melhorar a sua estimativa para o rácio de capital ajustado ao risco do BCP para um patamar 4%.

“Mesmo antecipando que o banco continuará a reportar prejuízos este ano, devendo regressar aos ganhos apenas em 2015, estamos confiantes que o BCP conseguirá manter um rácio de capital ajustado ao risco na ordem dos 3,5% a 4% nos próximos 12 a 18 meses”, acrescentou a S&P.

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Apesar desta subida do ‘rating’, a agência de notação financeira colocou o ‘outlook’ [perspetiva] do BCP em ‘negativo’.

Isto, porque existe a possibilidade desta subida em alta do ‘rating’ do BCP ser revista novamente em baixa no final de 2015.

Isto porque na base do aumento da notação de ‘B’ para ‘B+’ está o “apoio extraordinário do Governo (português) ao banco”, que poderá tornar-se menos previsível por altura da entrada em vigor do regime de resolução da União Europeia.

Na segunda-feira, durante a conferência de imprensa de apresentação dos resultados semestrais do BCP, o presidente do banco, Nuno Amado, comentou a recente subida do ‘rating’ da República Portuguesa, e o possível impacto da mesma sobre os bancos.

“As ‘yields’ da República Portuguesa já tinham ajustado para níveis que justificam este processo”, considerou o responsável, em alusão à subida do ‘rating’ da dívida pública portuguesa de ‘Ba2’, para ‘Ba1’, com uma perspetiva estável, decidida pela Moody’s.

O presidente do BCP assinalou que “os ‘ratings’ [de Portugal] ainda não chegaram aos níveis” que o país necessita para haver desenvolvimento, pelo que, na sua opinião, “a disciplina tem que continuar”.

“As coisas estão muito melhores hoje. Os mercados reconheceram e as agências de ‘rating’, como sempre, vêm sempre depois”, vincou o gestor.

Amado reforçou que Portugal precisa de um “nível de disciplina [orçamental] e um nível de gasto que seja sustentável face à riqueza que produz”.

E antecipou: “O movimento de subida dos ‘ratings’ dos bancos [portugueses] só vai acontecer com a consolidação das melhorias do ‘rating’ da República e depois dos testes exaustivos do Banco Central Europeu”, cujos resultados vão ser divulgado na reta final deste ano.

“Só após esse momento deveremos ver ajustes aos ‘ratings’ dos bancos portugueses”, rematou Nuno Amado.