A assembleia geral de acionistas da Portugal Telecom, marcada para 8 de setembro às 16h30, tem como único ponto da ordem de trabalhos deliberar sobre os termos do acordo com a operadora Oi, segundo a convocatória divulgada nesta sexta-feira. Num comunicado enviado à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Portugal Telecom (PT) adianta que a proposta do conselho de administração sobre o acordo a celebrar com a brasileira Oi estará disponível aos acionistas na sede da empresa e na página da Internet www.telecom.pt, “nos prazos legais”.

De acordo com informações da PT, a proposta será disponibilizada “até 21 dias antes da realização da assembleia-geral”. A convocatória não faz qualquer menção à demissão de Henrique Granadeiro, que comunicou na quinta-feira a renúncia aos cargos de presidente da administração e da comissão executiva da PT SGPS. O gestor apresentou demissão um dia depois de o ministro da Economia, António Pires de Lima, ter feito duras críticas à administração da PT, no âmbito da crise do BES.

“Com a aprovação pelo Conselho de Administração dos documentos a submeter à deliberação dos acionistas que asseguram esses objetivos, considero cumprido esse dever e por isso renunciei sem condições aos cargos que exercia na PT”, referiu Henrique Granadeiro, na carta de renúncia, citada pelo Jornal de Negócios. A PT subscreveu quase 900 milhões de euros em papel comercial da Rio Forte, empresa do Grupo Espírito Santo, que falhou o pagamento na data prevista.

A atual situação do mercado de capitais português, com a bolsa a registar perdas, “espelha, do meu ponto de vista, a grande desilusão com a situação do BES e também aquilo que é a desfaçatez verificada na PT”, disse na quarta-feira à agência Lusa o ministro da Economia. “Os investidores, naturalmente depois de terem percebido ao longo dos últimos meses a evolução do caso do BES e terem verificado as atitudes que se verificaram ao nível da administração da PT, reagem negativamente. Penso que têm de fazer a digestão de tudo aquilo que se passou”, acrescentou o governante. O BES era um dos acionistas de referência da PT, com cerca de 10%.

No final de julho, foi ainda conhecido que Henrique Granadeiro já não faria parte do conselho de administração da nova empresa que resulta da fusão entre a PT e a operadora de telecomunicações brasileira Oi, cujo acordo inicial, datado do início de outubro do ano passado, previa que seria vice-presidente. Num comunicado divulgado a 29 de julho, a Oi, que passou a integrar a PT, dava conta das novas etapas da operação de reorganização da sociedade, depois de um novo acordo que acomodou a situação de a PT ter investido 897 milhões de euros em papel comercial da Rio Forte.

A 16 de julho, depois de ter sido conhecido o financiamento da operadora à empresa do Grupo Espírito Santo, PT e Oi reformularam o acordo de fusão. A empresa portuguesa passará a ter uma posição de 25,6% na CorpCo, designação da unidade resultante do negócio, em vez dos 37% que ficaram fixados no acordo inicial. O negócio concede à PT opções de compra de ações que, no prazo de seis anos, lhe possibilitem recuperar o peso que estava previsto ter na estruturação original da fusão.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR