O Presidente do Iraque nomeou um novo primeiro-ministro para o país esta segunda-feira, substituindo o fragilizado Nouri al-Maliki, cuja demissão do cargo já vinha há muito sendo pedida. O líder do próximo governo iraquiano será Haider al-Abadi, do partido Dawa, tendo sido escolhido pela coligação de partidos xiitas que sustentavam, até agora, o governo de Maliki.
Pouco depois da escolha de Abadi no parlamento, o Presidente, Fuad Massum, convidou-o para formar governo, mas não é líquido que Maliki abandone o cargo pacificamente, uma vez que está em funções desde 2006 e tem repetidamente dito que tem direito a ser primeiro-ministro, cargo para o qual não foi convidado, apesar de a coligação que lidera ter sido a força política mais votada nas eleições legislativas de 30 de abril.
É expectável que esta decisão venha a agravar a situação política do país, que se vê a braços com a ameaça do Estado Islâmico (ex-ISIS), cujo objetivo é derrubar o atual poder xiita e substituí-lo por um califado de inspiração fundamentalista religiosa.
Quem é Abadi?
Abadi nasceu em Bagdad em 1952 e foi lá que fez os seus estudos. Licenciou-se na Universidade de Bagdad e fez o doutoramento em Inglaterra, na Universidade de Manchester. Foi neste que país que se refugiou e viveu vários anos depois da sua família ter sido um alvo do regime Baathista de Saddam Hussein. De acordo com o The Washington Post Abadi trabalhava como engenheiro eletrotécnico e entrou para o mundo político em 2003, após a invasão do Iraque. Foi nesse ano que se tornou ministro das telecomunicações.
Abadi é um destacado dirigente do partido islamita xiita Dawa, dirigido pelo próprio Maliki, que ainda não se pronunciou sobre sua substituição. Na noite de domingo, Maliki referiu não pensar em renunciar a um novo mandato e acusou o presidente Massum de entorpecer o seu caminho.
Há poucas semanas Abadi foi eleito primeiro vice-presidente do parlamento. A questão que se coloca é se Abad será capaz de ter mais sucesso nos desafios que tem pela frente do que o seu antecessor Maliki. Abadi é também muçulmano xiita. E uma das críticas de que Maliki era alvo era precisamente pelo facto de os cargos políticos estarem repletos de xiitas, não deixando espaço para que sunitas e curdos ocupassem cargos de poder.
O conselheiro político de Maliki já reagiu e disse que a nomeação de Abadi não tem valor legal.