O primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira, anunciou esta terça-feira um Programa de Emergência Sanitária que passa por encerrar as fronteiras com a Guiné-Conacri e proibir aglomerações de pessoas. Cabo Verde está apostar numa campanha para alertar para os cuidados a ter e evitar o contágio. O objetivo é impedir que o vírus entre nestes dois países.

O primeiro-ministro guineense disse que os ministérios da Defesa e do Interior já tinham instruções para fechar as fronteiras, assim como as zonas de passagens não oficiais entre os dois países.  Está também previsto um reforço das patrulhas marítimas e do controlo de passageiros no aeroporto – as companhias que voavam entre Bissau e os países afetados suspenderam as rotas, mas haverá atenção redobrada com quem chega de forma indireta, referiu o governante.

O Programa de Emergência Sanitária inclui ainda a suspensão de atividades que impliquem ajuntamentos. “Os ministérios da Saúde e Administração Interna irão decretar a suspensão de quaisquer atividades que impliquem aglomerados” tais como os “lumos”, mercados nas povoações fronteiriças, referiu Simões Pereira. Beijos e apertos de mão foram também desaconselhados.

Nos espaços de atendimento público, o governante pediu que haja sempre água com lixívia à porta para os clientes desinfetarem as mãos. Paralelamente vão set instalados hospitais de campanha para possíveis casos suspeitos. O primeiro-ministro apelou ao Presidente da República, José Mário Vaz, para que contacte as entidades norte-americanas para que estas forneçam à Guiné o mesmo medicamento que estão a usar no tratamento do vírus

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Para os próximos dias está agendada a criação de uma linha verde para onde qualquer pessoa pode ligar e reportar casos suspeitos.

Ainda não há registo de nenhum caso de Ébola na Guiné. Também em Cabo Verde ainda não há, mas as medidas de prevenção já se notam. As autoridades sanitárias de Cabo Verde estão a reforçar a comunicação com desdobráveis, cartazes, ‘outdoors’ e programas nas rádios e televisões do país sobre o surto do vírus Ébola que atinge a África Ocidental.

No Aeroporto da Praia, as informações são em português, inglês e francês”, indicou à agência Lusa uma fonte das autoridades sanitárias locais, dizendo que o objetivo do Ministério da Saúde não é causar pânico nas pessoas, mas sim ter toda a gente mais alerta e informada sobre a doença.

O balanço

A epidemia, que atinge países da África ocidental, já fez mais de mil mortos, em 1.848 casos suspeitos, de acordo com o último balanço da Organização Mundial de Saúde, atualizado na noite de segunda-feira.

O vírus Ébola transmite-se por contacto direto com o sangue, líquidos ou tecidos de pessoas ou animais infetados.

Ainda não há vacina conhecida para a doença, mas na segunda-feira a comissão de ética da Organização Mundial de Saúde aprovou o uso de tratamentos experimentais, definindo como condições “uma transparência absoluta relativamente aos cuidados”.