Dois fundos de investimento geridos pela Espírito Santo Ativos Financeiros (ESAF) desfizeram-se da totalidade das posições que detinham no capital do Banco Espírito Santo (BES) durante julho passado, antes de a instituição financeira ser alvo de intervenção pelo Banco de Portugal. A conclusão resulta da análise das carteiras de investimento de 15 fundos de ações nacionais, cuja composição discriminada está disponível no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

A informação sobre aqueles dois fundos, administrados pela sociedade de gestão de ativos que transitou do BES para o Novo Banco, revela que, entre junho e julho de 2014, houve um lote de 2.554.265 títulos do banco anteriormente liderado por Ricardo Salgado que deixou de figurar nas respetivas carteiras de investimento.

A maior fatia destas aplicações, num total de 2.347.599 ações da instituição financeira, estava integrada no Espírito Santo Portugal Ações, o fundo que tinha a maior quantidade de ações do BES entre aqueles que foram analisados, e os restantes títulos faziam parte do portefólio do Espírito Santo PPA. No final de junho, as posições estavam avaliadas em 1,538 milhões de euros, com cada ação contabilizada a 60 cêntimos.

Fundos geridos pela ESAF não foram, entre aqueles que a sociedade especializada Morning Star classifica na categoria de “fundos de ações nacionais”, os únicos a desfazerem-se de participações no capital do BES.

Os fundos geridos pela ESAF não foram, entre aqueles que a sociedade especializada Morning Star classifica na categoria de “fundos de ações nacionais”, os únicos a desfazerem-se de participações no capital do BES e, também, na Espírito Santo Financial Group (ESFG), antes do colapso destas unidades do grupo familiar.

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Dois fundos do Santander Totta, o Ações Santander PPA e o Santander Ações Portugal, seguiram a mesma opção, assim como o Millennium Ações Portugal, Millennium PPA e o Banif Ações Portugal. O fundo Alves Ribeiro Médias Empresas Portugal também vendeu os títulos do BES, mas reforçou a posição na ESFG, enquanto o BBVA PSI 20 alienou as ações que detinha na holding e manteve em carteira mais de 213 mil títulos do BES.

No universo de fundos de investimento considerados, a exposição às ações do BES totalizava cerca de 8,6 milhões de títulos, avaliados em perto de 5,2 milhões de euros no final de junho. Um mês depois, em resultado da degradação da cotação e da redução das posições detidas, o número de ações tinha baixado para 4,1 milhões e o valor tinha-se reduzido para 829 mil euros. Em final de julho, de acordo com a informação disponível na CMVM, os fundos atribuíam um preço de 20 cêntimos a cada título do BES, inferior em dois terços ao valor contabilizado no mês anterior.

Nas vésperas de o Banco de Portugal ter tomado a iniciativa de resgatar o BES, os fundos BPI Portugal e Caixagest Ações Portugal eram os que estavam mais expostos ao banco.

Nas vésperas de o Banco de Portugal ter tomado a iniciativa de resgatar o BES, os fundos BPI Portugal e Caixagest Ações Portugal eram os que estavam mais expostos ao banco. O primeiro tinha em carteira mais de 1,3 milhões de títulos e o veículo da Caixa Geral de Depósitos estava na posse de 1,284 milhões, participações avaladas em 265 mil e 258 mil euros, respectivamente.

A intervenção das autoridades portuguesas no BES foi anunciada a 3 de agosto e, na sequência do resgate e da cisão da instituição num “banco bom” e num “banco mau”, a Euronext Lisbon decidiu excluir as ações da instituição da fórmula de cálculo do PSI 20, o principal indicador da bolsa portuguesa, com o valor de zero. A 1 de agosto, o último dia em que fizeram cotação antes de serem suspensas, as ações do BES foram trocadas a 12 cêntimos, com uma queda superior a 40% em comparação com o valor de fecho do dia anterior.

Antes daquela data, já os responsáveis do mercado de capitais nacional haviam optado pela exclusão dos títulos da Espírito Santo Financial Group (ESFG), uma das holdings do Grupo Espírito Santo que está sob gestão controlada a cargo dos tribunais do Luxemburgo, onde tem sede e onde pediu a proteção de credores perante a incapacidade de cumprir compromissos financeiros.