A CMVM suspeita que os mexicanos da Angeles podem ter cometido um crime de abuso de informação privilegiada antes de avançarem com a OPA à Espírito Santo Saúde na terça-feira. Segundo o Público e o Diário Económico, a investigação foi aberta depois de o regulador saber que nas semanas antes do anúncio da OPA o grupo mexicano comprou ações da empresa portuguesa, até ficar com 3,3% do seu capital — como ontem adiantou também o Observador.

A última compra foi aliás feita na segunda-feira, poucos dias depois de os dois principais rostos da empresa terem feito novo reforço, de 1% (segundo informações do Público, foram Olegário Vázques Aldir, diretor-geral e filho do fundador e presidente do conselho de administração da Angeles, e o pai, Olegário Vázquez Raña). Tudo somado, nas contas do Diário Económico, estas compras permitiram à Angeles uma poupança de cerca de 1,7 milhões de euros.

No site da CMVM pode ler-se que há uma “hipótese de abuso de informação privilegiada” quando “uma entidade emitente inicia o processo de eventual lançamento” de uma OPA e “antes da decisão final vários administradores compram para si e para a própria empresa acções da entidade visada”.  Questionada pelo Público, a própria CMVM limitou-se a dizer que, “sempre que é publicado um anúncio de uma OPA, a CMVM faz uma análise das operações que o antecederam”. Os mexicanos da Angeles não quiseram comentar.

O mesmo jornal recorda um caso similar (embora não igual) de uma condenação no Tribunal da Relação de Lisboa a dois administradores da Cofina, por utilização de informação privilegiada na compra da Celulose do Caima. Mais concretamente pela aquisição de uma parcela substancial das ações da empresa quando estava a ser preparada uma OPA.

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