Depois de semanas de negociação, António José Seguro e António Costa já (quase) que fecharam o acordo sobre os três frente-a-frente que vão fazer na televisão. Ao Observador, o presidente da Comissão Eleitoral, Jorge Coelho, diz que os dois candidatos estão de acordo em fazer debates no dia 9 de setembro e a 23 de setembro. Costa concorda com debate a 5 de setembro, Seguro ainda diz que não.
“É com muita satisfação que posso dizer que chegaram a acordo”, diz ao Observador Jorge Coelho. Os dois candidatos às eleições primárias para a escolha do candidato a primeiro-ministro do PS, António José Seguro e António Costa, vão ter três debates nas televisões, mas ainda não fecharam a data do primeiro debate. Apesar das intenções iniciais de cada um, os dois concordaram com a duração de 35 minutos de debate proposta pelo presidente da comissão eleitoral – Seguro queria 45 minutos, Costa queria 25.
Mas o líder do partido ainda não deu o sim à proposta da comissão de realizar um frente-a-frente já na próxima sexta-feira, preferia dia oito, um dia antes de outro debate já acertado para dia nove. “Posso dizer que está 90% consensualizado para a candidatura de António Costa e 80% para a candidatura de António José Seguro”, diz Coelho.
Apesar da dificuldade em chegar a um acordo até sobre a realização de debates, Jorge Coelho prefere não falar em crispação entre os dois candidatos: “Tem havido grande disponibilidade. Não tem havido qualquer questão. O que me interessa é que está cumprido o nosso mandato”, diz Coelho.
Quanto às constantes denúncias que têm existido de parte a parte sobre alegadas irregularidades, Coelho insiste que “tudo corre bem” nas eleições primárias.
O presidente da Comissão Eleitoral vai reunir com as televisões sexta-feira para acertar as datas: “Também depende de as televisões estarem de acordo com o que foi combinado”.
Discussão longa
A discussão entre os dois candidatos e a comissão eleitoral sobre a realização de debates já vai longa. António José Seguro ainda esta quarta-feira voltou a acusar António Costa de querer “fugir” a debates. E mesmo depois do fim da discussão, a direção da campanha de Seguro insistiu nas críticas. Em comunicado, João Proença, diretor da campanha de Seguro insiste que “a recusa de António Costa inviabilizou a realização de debates até ao momento”.
Quanto à data proposta, Proença diz que no dia 5 de setembro há eleições nas federações distritais e que por isso propõe o dia oito. Apesar de aceitar a realização de debates de 35 minutos, Seguro mostra-se desagradado: “Para a nossa candidatura, o tempo ideal deveria ser superior a 45 minutos, para que os debates fossem de esclarecimento e de aprofundamento das propostas e das posições dos candidatos. Infelizmente, António Costa quer debates a despachar e por isso propôs 25 minutos. Lamentamos profundamente que os debates tenham apenas a duração de 35 minutos, o que prejudica o esclarecimento e o aprofundamento da discussão. Mas se essa é a única condição para haver debates, António José Seguro marcará presença”, diz.
Também a candidatura de António Costa fez chegar um comunicado em que diz que a proposta que foi fechada “não era a nossa proposta [da candidatura], mas aceitamo-la com o intuito de se chegar a um entendimento”. E justifica a não aceitação do debate antes do dia seis de setembro exatamente pela realização de eleições nas distritais: “As eleições federativas assentam em pressupostos , propostas, protagonistas próprios cuja autonomia deve ser preservada e respeitada como um dos pilares da democracia interna no PS”.