A futura Alta Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros, Federica Mogherini, considerou neste sábado que uma via militar não é solução para a crise na Ucrânia, logo nas primeiras declarações após ser conhecida a sua nomeação. Os líderes europeus, reunidos hoje em Bruxelas, escolheram o atual primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, para presidente do Conselho Europeu, e Federica Mogherini para Alta Representante para os Negócios Estrangeiros.

Em conferência de imprensa, logo após ser conhecida a decisão, a ainda ministra dos Negócios Estrangeiros de Itália disse que entende que a função será “desafiante e difícil”, mas garantiu estar preparada, apesar do “momento histórico de conflito” que se vive na Europa. Questionada pelos jornalistas sobre as críticas à sua inexperiência, Mogherini respondeu que tem “alguma experiência institucional” e recordou os seus 41 anos. Além disso, considerou, é importante estar representada na Europa a “nova geração de líderes europeus”.

Já sobre as alegações de que é demasiado “amiga” da Rússia – numa altura em que o conflito entre Moscovo e Kiev, devido à instabilidade no Leste da Ucrânia, domina a política externa da UE – lembrou que a sua primeira visita como ministra dos Negócios Estrangeiros de Itália foi precisamente à Ucrânia, dois dias antes de ir a Moscovo.

Disse ainda que subscreve a posição da atual responsável pela política externa europeia, a britânica Catherine Ashton, de que “uma via militar não é solução” para o que se passa na Ucrânia, a qual afirmou que seria prejudicial sobretudo para os ucranianos.

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Mogherini, que é desde fevereiro ministra dos Negócios Estrangeiros do Governo de Matteo Renzi, falhou a indicação para Alta Representante na cimeira europeia de julho devido precisamente à sua alegada falta de experiência na cena internacional e às críticas de alguns países do Leste que a acusavam de pouca dureza face à Rússia na crise ucraniana.

Mogherini deverá iniciar funções como Alta Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros a 01 de novembro, em conjunto com o restante colégio da futura Comissão Europeia liderada por Jean-Claude Juncker, que integrará como vice-presidente (como aconteceu com Ashton). Sobre o trabalho nessa função, Federica Mogherini disse ainda que quer ser uma facilitadora de “diálogo e compromisso”, mas que também quer ser capaz de tomar “ações e decisões”.

A italiana elogiou ainda a atual responsável pela política externa europeia, a britânica Catherine Ashton, nomeadamente no trabalho feito na criação dos serviços externos europeus.