Marcelo Rebelo de Sousa elogiou este domingo as “boas notícias” do orçamento retificativo apresentado pelo Governo esta semana, especialmente o não aumento de impostos. No seu espaço habitual de comentário na TVI, que ficou marcado pelo regresso da jornalista Judite de Sousa, o professor deixou, no entanto, dúvidas para o orçamento do ano que vem, já que “não é possível continuar a aumentar impostos”. “Nunca os portugueses pagaram tantos impostos como agora”, disse.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, o orçamento do Estado retificativo, apresentado pelo Governo depois do novo chumbo do Tribunal Constitucional, trouxe “boas notícias” para o país, nomeadamente a previsão de crescimento da economia de 1%, a diminuição da taxa de desemprego e o não aumento de impostos. Apesar da dívida pública, que “ainda está muito alta”, o professor disse ainda que “o défice também podia ter dado boas notícias se não tivesse havido a derrapagem que houve, e que não adveio apenas da decisão do Tribunal Constitucional”.
“Vender Novo Banco a vários investidores é sensato”
Sobre a venda do Novo Banco, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que a hipótese já prevista pelo governador do Banco de Portugal de admitir uma venda repartida a vários investidores era “sensata”.
Para Marcelo, o importante agora é que haja uma “venda rápida” (“não quer dizer que seja já amanhã”), quer seja a um só investidor quer seja a vários. O comentador e ex-secretário-geral do PSD comentava assim as últimas declarações do governador do Banco de Portugal, que dava conta da existência de seis potenciais interessados na compra do banco. “Os investidores potencialmente interessados – europeus e não europeus – vão começar a revelar-se”, afirmou o professor, acrescentando que resta saber se a venda será feita a apenas um comprador ou a mais do que um – hipótese já posta em cima da mesa pelo Banco de Portugal.
“Que diferença faz se for um investidor angolano a comprar 15% do banco, e outros investidores europeus ou não europeus a comprarem o resto? O importante é que, juntos ou em separado, deem um valor muito próximo dos 4.900 milhões”, disse.
Em relação às primárias do PS, que já têm o primeiro debate a dois marcado para o próximo dia 9, o professor sublinhou o seu agrado pelo acordo fechado para a realização de três debates televisivos, já que, diz, o debate entre António José Seguro e António Costa tem sido até aqui “muito fruste” e pouco focado nos problemas nacionais.
O comentador quis ainda deixar uma palavra de conforto à jornalista Judite de Sousa pelo seu regresso ao trabalho depois da morte do filho. “Não é apenas um sinal de que a vida continua mas de que as pessoas têm coragem para enfrentar situações difíceis”, disse, acrescentando que “essa coragem é tanto maior quando for uma coragem solidária”.