Pouco menos de duas semanas antes de pedir a proteção de credores, um tribunal do Luxemburgo, onde tem sede, a sociedade gestora de participações não financeiras do Grupo Espírito Santo (GES), Rioforte, autorizou a administração a aumentar capital em dois mil milhões de euros, conta o Jornal de Negócios, nesta terça-feira. Esta operação acabou por não se concretizar.
De acordo com o Jornal de Negócios, “numa assembleia-geral extraordinária da Rioforte realizada a 9 de Julho, a Espírito Santo International, que controla a holding a 100%, aprovou uma proposta da administração para que o capital autorizado passasse a ser de 3.300 milhões de euros, realizado por determinação da gestão no prazo de cinco anos. Tendo em conta que o capital da Rioforte já subscrito é de 1.300 milhões, a administração ficou autorizada a realizar aumentos de capital num valor máximo de 2.000 milhões.”
Os dois mil milões de euros são o dobro do valor que Ricardo Salgado, antigo presidente executivo do Banco Espírito Santo (BES), afirmou publicamente como sendo as necessidades de capital da Rioforte. Nos meses de Maio e Junho, Salgado admitiu que o aumento de capital iria ser realizado através da entrada de novos acionistas no capital da Rioforte.
Segundo uma ata da assembleia geral da holding consultada pelo Negócios, disponível na página de internet do registo comercial do Luxemburgo, onde a sociedade tem sede, a gestão da RioForte pode “suprimir ou limitar o direito de subscrição preferencial dos actuais accionistas”.
Contudo, esta medida não chegou a ter tempo para fazer qualquer reforço de fundos, dado que a 22 de julho, menos de duas semanas após a assembleia, a holding entrou com um pedido de gestão controlada, uma forma de proteção dos credores, prevista na legislação do Luxemburgo.
As necessidades de capital da Rioforte podem dever-se ao facto de, desde o final de 2013, a sociedade gestora ter começado a assumir “parte da dívida que até aí estava concentrada na Espírito Santo International”, escreve o Jornal de Negócios. A Rioforte, através do BES, tinha até ao dia 30 de Junho, colocado 1.634 milhões de euros em títulos em dívida.