A companhia de seguros BES Vida diminuiu em 80% (equivalente a 100 milhões de euros) a exposição a ativos financeiros do grupo Espírito Santo antes de decretarem falência no início do mês de agosto. De acordo com o Diário Económico, a seguradora reduziu, de 31 de dezembro a 30 de junho, apenas seis meses, a exposição de 126 milhões para apenas 25 milhões de euros. Hoje tem sob sua responsabilidade mais de cinco mil milhões de euros de poupanças das famílias portuguesas.

Segundo a mesma notícia a BES Vida reduziu ainda a exposição a ativos do BES em 73%, do Espírito Santo Financial Group em 94% e da Espírito Santo Financière em 100%. Tudo empresas que viriam a decretar falência a 1 de agosto, cerca de um mês depois destas operações.

As contas ao calendário são fáceis de fazer, sendo que à data de fecho das contas do semestre da BES Vida o mercado ainda não podia imaginar o rumo que a crise no GES iria tomar. Os primeiros sinais surgiram no fim de maio, quando o Banco de Portugal informou que tinha detetado irregularidades nas contas da Espírito Santo Internacional, mas sem grande efeito imediato no mercado. Foi só a 7 de julho que surgiram os primeiros indícios da dimensão da situação, depois de o Expresso ter noticiado a situação de um cliente do Banque Privée Espírito Santo, que tinha tido a informação de o banco estar em “default” (incumprimento). Mas ainda assim, a 10 de julho, o Banco de Portugal viria a tranquilizar o mercado, falando em “solidez” do BES.

A BES Vida, que está hoje sob a alçada do Novo Banco, tem em sua responsabilidade mais de cinco mil milhões de euros de poupanças das famílias portuguesas, entre planos poupança reforma e produtos de capitalização.

De acordo com o Económico, a CMVM recusou-se a comentar o possível acesso da seguradora a informação privilegiada, dizendo tratar-se de “matéria sujeita ao segredo profissional”.

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