O Stonehenge, aquele monumento pré-histórico estacionado em Wiltshire, Inglaterra, tem muito mais história do que prometia. Cientistas descobriram que existe um complexo conjunto de monumentos por baixo do Stonehenge, desafiando assim a perceção de que estaria isolado, conta a BBC.

Esta descoberta aconteceu depois de os cientistas observarem digitalmente o que existia a três metros de profundidade daquele monumento icónico. E as surpresas são muitas: para além dos monumentos, encontraram mais de 60 pilares enormes espalhados nas imediações de Durrington Walls, e ainda uma casa de madeira com mais 3.000 anos do que o próprio Stonehenge.

O novo mapa digital do local histórico permite agora aos arqueólogos olharem de outra forma para a paisagem que foi remodelada por diferentes gerações ao longo de centenas de anos após as primeiras pedras colocadas em 3100 a.C.

“Isto muda radicalmente a nossa visão de Stonehenge”, disse Vince Gaffney, o homem que conduz o projeto ao serviço da Universidade de Birmingham, em declarações ao Guardian. “No passado tivemos esta ideia de que Stonehenge estava num esplêndido isolamento, mas não estava… é absolutamente enorme”.

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Um dos mistérios que se espera ver respondido é a ideia original do “projeto”: terá o monumento sido construído em forma circular ou com a forma de um “C”? As respostas começaram a surgir no início do mês, quando uma seca naquela zona permitiu vislumbrar umas manchas castanhas onde fazia sentido que estivessem pedras outrora. E tudo aconteceu por obra do acaso: uma mangueira ficou curta e deixou de regar uma zona do Stonehenge, logo a relva deixou de aparecer.

“O importante não é termos descoberto outros monumentos arqueológicos estranhos, mas sim que eles têm uma relação espacial com o Stonehenge”, explicou Gaffney, à margem do festival da Ciência Britânica, em Birmingham.

Radar, scanners a laser, magnetómetros, são alguns dos aliados dos arqueólogos que continuam a desvendar os mistérios da história de Stonehenge. O equipamento, desenvolvido por engenheiros do Instituto Ludwig Boltzmann de Viena, permitiu construir um mapa com uma resolução de 10 centímetros.

“O projeto revelou que a área em torno de Stonehenge está repleta de arqueologia desconhecida e que a aplicação de nova tecnologia pode transformar a forma como os arqueólogos e o público em geral entendem uma das paisagens mais estudadas na Terra”, rematou Gaffney.