Arábia Saudita, Bahrain, Egito, Jordânia, Iraque, Kuwait, Líbano, Omã, Qatar e Emirados Árabes Unidos. São estes os dez estados árabes que concordaram apoiar os Estados Unidos na luta contra os jihadistas do Estado Islâmico no Iraque e na Síria. Depois de terem estado reunidos em Jidá, na Arábia Saudita, com o secretário de Estado norte-americano John Kerry, representantes destes países comprometeram-se a dar apoio militar e humanitário e a pôr um travão ao fluxo de dinheiro e de combatentes estrangeiros que chegam ao EI, escreve esta quinta-feira a BBC.
“A região tem consciência do perigo e está totalmente preparada para lidar com o que se seguir”, disse Kerry à BBC. A Turquia também participou na reunião, mas não assinou o comunicado final. Sobre esta ausência, Kerry disse apenas que o aliado norte-americano tem em mãos “questões sensíveis”, mas que se mantém “muito envolvido” na campanha contra o Estado Islâmico. O site da estação britânica escreve que a relutância da Turquia pode estar relacionada com os 49 cidadãos turcos que os jihadistas mantêm como reféns.
O apoio destes dez estados é importante para que a campanha lançada pela administração Obama contra o Estado Islâmico não seja vista como um confronto civilizacional entre os Estados Unidos e os jihadistas, mas como um esforço internacional, escreve o New York Times. De acordo com o jornal norte-americano, Kerry terá pedido a esses países árabes que aumentem o tom das condenações ao EI, nomeadamente através dos meios de comunicação nacionais (com especial destaque para a Al Jazeera e a Al Arabyia) e através do poder religioso, que deve condenar o radicalismo.
Ao nível militar, os Estados Unidos estão a discutir, com os ministros da Defesa da região, a expansão das bases para que possa ser levado a cabo o esforço de intensificação dos ataques aéreos contra posições dos jihadistas no Iraque e na Síria, tal como Obama anunciou no seu discurso de quarta-feira.
Para além da Arábia Saudita, alguns destes estados são de maioria sunita (os rebeldes do Estado Islâmico são sunitas) e têm os seus próprios interesses nesta campanha, escreve o New York Times. Segundo o jornal norte-americano, o facto de os sauditas terem concordado com o plano americano de treinar os rebeldes moderados sunitas da Síria está relacionado com o interesse da Arábia Saudita em depor Assad e ajudar a manter a ordem no país caso isso aconteça. A monarquia saudita tem sido uma forte opositora do presidente sírio, acusando-o de suprimir violentamente a maioria sunita deste país. Para além disso, a Síria tem um importante aliado no Irão, o grande inimigo dos sauditas.
Também por isso, os Estados Unidos não estão ativamente a coordenar com o Irão uma estratégia para derrotar o Estado Islâmico. Uma coligação que incluísse Teerão e Riade parece impossível. O Irão tem estado a apoiar milícias xiitas no Iraque para lutar contra os jihadistas. “O Irão está a levar a cabo as suas próprias ações”, disse Kerry na quarta-feira, afastando a hipótese de uma cooperação militar ou de qualquer outro tipo com o país.
O anúncio de Obama já provocou uma forte reação da Rússia, país aliado de Bashar al-Assad. “Este passo, sem uma decisão do Conselho de Segurança da ONU, seria uma agressão, uma violação do direito internacional”, disse um porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros russo. A Síria, que ofereceu ajuda aos Estados Unidos para lutar contra o Estado Islâmico e que viu essa oferta recusada, também já declarou que “qualquer ação que não tenham o consentimento do Governo sírio seria um ataque ao país”, disse o ministro da Reconciliação Nacional, Ali Haidar, citado pela BBC.