Um dia depois do chefe do estado-maior das Forças Armadas norte-americano, Martin Dempsey, ter declarado que poderia aconselhar o Presidente Barack Obama a avançar com uma intervenção no terreno no Iraque, o primeiro-ministro iraquiano Haider al-Abadi disse esta quarta-feira que não serão necessárias nem desejadas tropas estrangeiras para combater o Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS), conforme avançou a agência noticiosa Associated Press (AP).
Embora admita que os ataques aéreos norte-americanos tenham sido úteis para fazer recuar o grupo militante sunita, o primeiro-ministro iraquiano diz que “está fora de questão” colocar militares estrangeiros no terreno. “Não os queremos. Não os vamos tolerar. Ponto final”, disse à AP Haider al-Abadi, acrescentando que a intervenção da comunidade internacional seria mais útil na Síria. Esta quarta-feira as forças militares iraquianas lançaram uma operação para recuperar o poder nas cidades ocidentais de Ramadi, Falluja e Haditha tomadas pelo ISIS.
As declarações do primeiro-ministro iraquiano vêm contrariar as hipóteses defendidas pelo chefe do estado-maior das Forças Armadas norte-americano que declarava esta terça-feira no Senado que poderia aconselhar o Presidente Obama a lançar uma operação militar no Iraque. “Se chegarmos a um ponto em que acredite que os nossos conselheiros devem acompanhar as tropas iraquianas no ataque a alvos específicos do ISIS, vou recomendá-lo ao Presidente”, disse o general Martin Dempsey, especialmente se existirem ameaças aos Estados Unidos.
Para o chefe do estado-maior das Forças Armadas a presença de militares norte-americanos no terreno, ainda que em número limitado, é essencial para o sucesso da missão, noticiava a Time. Mas esta é uma ideia contrária à que Barack Obama tem manifestado e que reforçou esta quarta-feira. “As forças americanas que foram deslocadas para o Iraque não têm e não vão ter missões de combate”, disse Obama, durante uma deslocação ao comando militar norte-americano encarregado do Médio Oriente e Ásia Central, em Tampa, no Estado da Florida. O Presidente norte-americano autoriza o envio de conselheiros militares, mas não quer uma ofensiva militar terrestre.
Dois anos e meio depois das últimas tropas norte-americanas terem saído do Iraque, as declarações do Presidente Obama podem parecer tranquilizadoras, mas um antigo general da Marinha, Anthony Zinni, acha que “o Presidente [Obama] cometeu um grande erro ao declarar publicamente que não irá colocar militar no terreno”. E acrescenta: “porque havemos de dizer aos outros o que não vamos fazer?”. Outro antigo general do Exército disse que pouca diferença existe entre a intervenção que os Estados Unidos têm neste momento e aquela que o general Martin Dempsey anunciava. “Já temos forças no terreno e elas já estão a realizar missões de combate”, disse o militar, ainda que não haja norte-americanos a disparar armas.
Atualizado: declarações de Obama proferidas esta quarta-feira.