O apoio dos norte-americanos à política externa de Obama caiu uma vez mais, numa fase em que o Presidente norte-americano tenta ganhar força no combate ao Estado Islâmico e na confrontação diplomática contra a Rússia de Vladimir Putin. Segundo a última sondagem do New York Times/CBS, são já 58% os americanos que não concordam com a política externa americana e só 39% dão por boa a resposta da Administração à ameaça jihadista.

Estes dados surgiram antes de, esta quarta-feira, a Câmara dos Representantes ter autorizado o treino e armamento de rebeldes sírios para confrontarem o EI. O plano de Obama foi aprovado numa rara união de votos entre democratas e republicanos, que ainda precisa de ser confirmadas no Senado esta quinta-feira. O New York Times anota que Obama, o vice-presidente e altos funcionários da Casa Branca fizeram uma intensa campanha de lobby junto de cerca de 70 congressistas para aprovar o projeto e conseguir uma coligação nacional para fazer frente à ameaça terrorista.

Uma análise mais detalhada da sondagem mostra que está viva ainda a divisão interna causada pela última guerra no Iraque. Se há consenso, por exemplo, quanto a uma campanha aérea, no Iraque e na Síria, para combater o EI, o mesmo não se passa quanto ao potencial envio de forças militares terrestres, apenas apoiado pelo eleitorado republicano (62%), mas largamento reprovado pelo democrata (só 29% apoia). A legislação aprovada o ano passado concede apenas ao Presidente a autoridade para treinar forças estrangeiras para confrontar o Estado Islâmico e aceitar contribuições em dinheiro e em espécie para ajudar a financiá-lo.

Para garantir mais apoio, o Comitê de Serviços Armados da Câmara acrescentou agora disposições que obrigam a Administração a manter o Congresso informado sobre o progresso e sucesso das operações. A autorização expira em meados de dezembro, o que garante que os legisladores vão rever a estratégia a curto prazo. Até lá, fica claro que a medida não é uma ampla autorização da força contra o Estado Islâmico.

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Nos últimos dias, o Presidente e o Secretário de Estado John Kerry garantiram que as tropas americanas não vão combater o EI no Iraque e na Síria, mesmo depois de Kerry ter sido pressionado a dar respostas numa audiência no Senado. Obama foi já mais claro nas garantias: “As forças norte-americanas que foram destacadas para o Iraque não vão ter uma missão de combate. Eles vão apoiar as forças iraquianas no terreno, enquanto eles lutam pelo seu próprio país contra esses terroristas.”

Kerry acrescentou que não houve discussão com os parceiros da coligação sobre a implantação de tropas terrestres de outras nações na campanha. Esses países, disse ele, ajudarão de outras maneiras: cortar fundos para o Estado Islâmico, interrompendo o fluxo de combatentes estrangeiros na Síria, e dando ajuda humanitária.

Vários representantes (deputados) defendem que a Casa Branca deve procurar outra autorização do Congresso para a ação militar, especialmente ataques aéreos na Síria. Kerry respondeu que essas operações estão autorizadas desde 2001, desde as operações militares contra a Al Qaeda, mas acrescentou que o Governo estava aberto a uma consulta com o Congresso para “reequipar” a autorização.