O economista Daniel Traça afirmou hoje que se Portugal tivesse crescido ao nível da média europeia entre 2000 e 2010 a dívida pública teria ficado pelos 66% do PIB em 2013, alertando para a necessidade de alavancar o crescimento económico.

“Os números mostram que a nível da dívida, na altura da intervenção [2011] estávamos a 102%, mas estaríamos a 61% do PIB. Hoje [final de 2013] estamos a 123% e estaríamos a 66%. É isto que significa crescer”, afirmou o professor da Universidade Nova de Lisboa, num seminário sobre ‘A necessidade de um crescimento robusto para o pós-troika’, que decorre esta tarde em Lisboa.

Para chegar a esta conclusão, Daniel Traça simulou um crescimento médio da economia portuguesa de 2,3% entre 2000 e 2010, ou seja, semelhante à média da Europa a 22 naquele período, quando na década passada, Portugal cresceu apenas 0,71%. “O problema de crescimento influenciou a dinâmica das contas públicas”, afirmou. “Temos de por Portugal pelo menos no ponto médio que países com o nível médio de rendimento de Portugal devem crescer. Sem isso não há convergência, não há crescimento”, defendeu Daniel Traça.

A dívida pública na ótica de Maastricht, a que conta para Bruxelas, cresceu consecutivamente nos três anos do Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF), passando dos 108,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2011 para os 129% em 2013. Nos primeiros seis meses deste ano, a dívida pública manteve a sua trajetória de subida, tendo atingido os 134% do PIB até junho, segundo números do Banco de Portugal.

No segundo Orçamento Retificativo de 2014, apresentado a 28 de agosto, o Governo reviu em alta o valor da dívida pública previsto para este ano, fixando-o nos 130,9% do produto, mais 0,7 pontos percentuais do que indicavam as estimativas anteriores. No cenário macroeconómico anterior, apresentado em abril no Documento de Estratégia Orçamental (DEO), o Governo estimava que a dívida pública chegasse aos 130,2% do PIB este ano. O Orçamento do Estado para 2014 previa uma dívida pública de 126,6% do PIB.

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