O Estado Islâmico chegou ao futebol. Em agosto e setembro foram exibidas faixas e proferidos cânticos pró-Estado Islâmico em estádios de Marrocos e Tunísia, conta o El Mundo. Nunca a al-Qaeda gozou da simpatia e solidariedade que este grupo jihadista aparenta gozar. Agora, até no desporto. David Thomson, autor do livro “Tunísia, a tentação da jihad”, afirmou que esta é a prova de que a jihad na Síria “é um fenómeno banal na sociedade”.

Em agosto, alguns adeptos do Étoile du Sahel, em pleno Estádio Municipal de Sousa, exibiram uma faixa gigante com a bandeira do Estado Islâmico. Os jogadores são praticamente todos tunisinos. Mas há um nigeriano, dois argelinos e mais outro do Congo. Não sabemos a opinião de nenhum deles, mas sabemos que o treinador é francês — Dragan Svorkovic — e, arriscamos dizer, não terá ficado muito confortável com a situação. Felizmente para ele pode regozijar-se com os resultados passados dois meses: seis jogos, cinco vitórias e um empate; nove golos marcados e zero sofridos. Era bom que o motivo deste artigo fosse sobre a defesa meticulosamente afinada pelo francês. Mas não é.

https://www.youtube.com/watch?v=VVscl0uHdVo

Antes de mais um jogo do campeonato, a 6 de abril, o Étoile Sportive du Sahel homenageou um adepto, Maher Magmagui, que havia sido morto três dias antes, na Síria, ao serviço do Estado Islâmico. Magmagui fazia parte de um grupo violento de apoio ao clube de Sousa e até foi lembrado quando, nesse 6 de abril, Baghdad Njayah marcou o primeiro golo do jogo. Como lembra o El Mundo, a Tunísia é o país que mais emprestou combatentes ao EI. O Ministério do Interior diz que são cerca de 2.500.

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O Estádio Municipal de Sousa não terá sido o único daquele pequeno país do magreb a vestir-se de bandeiras e faixas a apoiar o grupo fundamentalista. Também em Marrocos a jihad parece estar a entranhar-se no futebol. Sexta-feira, dia 26, foi registado em vídeo um grupo de adeptos do Raja Athletic Club de Casablanca a entoar cânticos de futebol direcionados para o grupo islâmico, que Barak Obama, presidente dos Estados Unidos, admitiu ter subestimado. “Estado Islâmico! Estado Islâmico! Estado Islâmico” e “Alá é grande, vamos jihad! Alá é grande, vamos jihad!”. Assim cantavam os adeptos, alguns sorridentes, enquanto esperavam num túnel para entrar para as bancadas.

https://www.youtube.com/watch?v=cjyXKRL-aNY

A imprensa marroquina demarcou-se e censurou estes atos pró-EI. O Libération classificou este vídeo como algo “chocante”, enquanto o semanário Tel Quel disse ser uma “piada de mau gosto”. O artigo do El Mundo fecha com uma pergunta pertinente: “Quantos destes jovens adeptos tunisinos e marroquinos sabem que o desporto favorito deles desapareceu das terras controlados pelo Estado Islâmico?”.