O Instituto Nacional da Aviação Civil (INAC) desmentiu na tarde desta quarta-feira a notícia de que um avião que transportava uma paciente infetada com o vírus de ébola tenha sido impedido de aterrar em território nacional. O organismo diz mesmo que foi sugerido à tripulação que levasse o aparelho para o aeroporto de Lisboa, “por entender que o protocolo de saúde responderia melhor a este caso concreto, na eventualidade de se revelar necessária alguma intervenção”, mas a sugestão não foi seguida.

Segundo o INAC, houve um pedido de reabastecimento feito pelas 22h30 de segunda-feira ao aeroporto da Madeira (em Santa Cruz) e as autoridades aeroportuárias sabiam que se tratava de um avião ambulância onde seguia um passageiro infetado com o vírus do ébola.

“O avião civil em causa fez um pedido, para escala técnica, simultaneamente aos aeroportos de Las Palmas (Espanha) e Madeira (Portugal), não tendo sido invocada, em nenhum momento, situação de emergência”, esclarece o INAC em comunicado, acrescentando que “ponderada a distância, o avião optou por se dirigir para Las Palmas”.

Assim, defende o organismo, “não foi negada qualquer aterragem de emergência”, como afirmou uma fonte ouvida pela televisão espanhola Antena 3, que além de Portugal referia ainda Marrocos como o outro país que tinha recusado a aterragem ao avião.

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No final da audição na Comissão de Saúde, que decorreu esta quarta-feira, o ministro da Saúde disse aos jornalistas que Portugal tem “zonas aeroportuárias para o caso de necessidade destes aviões aterrarem: as Lajes, nos Açores, e o aeroporto de Lisboa, numa determinada zona na parte civil e depois, se caso disso, será transportado para a parte militar. No caso de uma eventual autorização, que poderá ser dada, o abastecimento implica sempre que não haja qualquer contacto com nenhum passageiro do avião. Está perfeitamente previsto o que nestes caso se deve fazer”.

Já o secretário de Estado Adjunto da Saúde, Leal da Costa, acrescentou que o avião “pediu para aterrar em dois aeroportos ao mesmo tempo e foi-lhe dito que o ideal seria aterrar em Lisboa e eles antes mesmo de darem qualquer tipo de reposta decidiram aterrar em Las Palmas”.

A bordo seguia uma médica norueguesa de 32 anos que foi repatriada da Serra Leoa, país onde prestava assistência no âmbito da organização Médicos Sem Fronteiras. A meio do percurso entre o país africano e a Noruega, o avião viu-se forçado a reabastecer os tanques de combustível – algo que aconteceu em Las Palmas antes de a viagem prosseguir até Oslo.

Em Portugal, os dois hospitais de referência para o tratamento de eventuais casos de ébola são o Curry Cabral, em Lisboa, e o São João, no Porto.