Algumas empresas que operam no aeródromo de Tires (Cascais), encerrado na sexta-feira, falam em prejuízos de muitas dezenas de milhares de euros por estarem impedidas de voar durante este fim de semana, e exigem o apuramento de responsabilidades.

O aeródromo, gerido pela empresa municipal Cascais Dinâmica, está fechado pelo menos até segunda-feira, devido à falta de certificação do equipamento meteorológico e de meteorologista, falhas detetadas por uma inspeção da Agência Europeia para a Segurança na Aviação.

“Entre hoje e amanhã [domingo] o prejuízo ascende a 60 mil euros, relativos a dois serviços [voos] que estavam planeados e que não pudemos fazer. Há ainda aqueles voos que podem surgir nestes dois dias, pois somos uma empresa de táxi aéreo a funcionar 24 horas”, afirmou Retílio Soares, proprietário da Airjetsul, em declarações à agência Lusa.

O administrador da companhia de jatos privada sublinha que os danos e os transtornos causados às empresas que operam em Tires “são elevados”, acrescentando que os prejuízos globais ascendem a “muitas dezenas de milhares de euros”.

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Retílio Soares criticou ainda a forma como o aeródromo foi encerrado.

“Esta situação tornou-se tão grave porque não fomos avisados nem com dois minutos de antecedência, senão tínhamos tirado os aviões daqui e iríamos coloca-los, por exemplo, em Évora. Chegaram e disseram: o aeródromo está encerrado e ponto final. Isto é que não se faz”, lamentou o administrador.

Retílio Soares disse que vai contactar com outras empresas instaladas em Tires na segunda-feira, para, em conjunto, decidirem o que fazer perante esta situação, admitindo pedir responsabilidades a quem gere o aeródromo.

O Grupo Seven Air, proprietário da companhia Aero Vip e da escola de aviação Leávia, foi igualmente afetado pelo encerramento do aeródromo.

“Estamos a falar de dez aeronaves e de cerca de 40 horas de voo que iam ser feitas entre hoje e domingo e que tiveram de ser canceladas. Foi algo tão repentino e sem aviso prévio que não nos permitiu tomar alguma medida, como colocar os aviões noutro aeródromo”, criticou Sérgio Leal, um dos diretores do Grupo.

Entre voos de instrução, de exames e de aluguer planeados para o fim de semana, a empresa estima que estejam em risco para cima de 15.000 euros.

“Não podemos considerar para já tudo isso como prejuízo, pois acreditamos que no início da próxima semana iremos realizar alguns desses voos, mas há sempre a incerteza de não haver a abertura do aeródromo na segunda ou na terça-feira. Não sabemos nem temos muitas indicações sobre isso, o que nos deixa um pouco alarmados”, referiu Sérgio Leal.

O Grupo Seven Air admite também vir a pedir responsabilidades pelos prejuízos.

A empresa municipal gestora do aeródromo de Tires disse à Lusa que foi “surpreendida a meio do processo longo de certificação do equipamento meteorológico”, que decorre “desde 2013”.

Questionada se assume as responsabilidades pelas falhas e pelos prejuízos causados, a Cascais Dinâmica escusou-se a responder.

“Não me cabe nesta altura prestar esclarecimentos sobre essa matéria. Em tempo útil, as entidades que tiverem essas queixas serão casualmente tratadas”, afirmou Miguel Sanches, da empresa municipal.