A reunião de terça-feira entre responsáveis russos e ucranianos, em torno da qual havia grandes expectativas, deixou os dois países mais longe de um acordo para levantar a suspensão de fornecimento de gás natural russo à Ucrânia. Em vez de um aproximar de posições, que atenuasse os receios face ao fornecimento energético à União Europeia no próximo inverno, a reunião resultou em mais condições impostas por Moscovo.

A Rússia cortou o fornecimento de gás natural à Ucrânia em junho, com Moscovo a acusar Kiev de estar a falhar pagamentos num total que ascendia a cinco mil milhões de euros. Na terça-feira, depois de um dia de negociações, o comissário europeu para a Energia, Guenther Oettinger, afirmou, citado pela Reuters, que as três partes haviam chegado a um acordo sobre o preço a pagar pela Ucrânia à russa Gazprom – 385 dólares por milhar de metros cúbicos. Mas o ministro russo Alexander Novak afirmou que Moscovo ainda estava à espera de mais garantias financeiras.

Rússia continua a fazer chegar gás natural aos países europeus, através dos gasodutos na Ucrânia, mas não permite que os países europeus revendam gás à Ucrânia.

Kiev, que nessa manhã pediu mais dois mil milhões de euros em ajuda financeira à Comissão Europeia, pode não conseguir pagar a Moscovo pelo gás natural, receia a Rússia. A Rússia aceita o preço mas quer, por duvidar do conforto financeiro de Kiev, receber o pagamento das encomendas em adiantado. Foi agendada uma nova reunião para o próximo dia 29 de outubro, em Bruxelas.

Para a União Europeia, que está a financiar a Ucrânia numa altura em que continuam os conflitos entre os militares ucranianos e milícias pró-Russas, o risco é que à medida que as temperaturas descem no inverno possa haver perturbações no fornecimento aos vários países europeus. Isto se a disputa entre a Rússia e a Ucrânia não se resolver nas próximas semanas. Para já, a Rússia continua a fazer chegar gás natural aos países europeus, através dos gasodutos na Ucrânia, mas não permite que os países europeus revendam gás à Ucrânia.

Cerca de um terço do gás natural consumido na União Europeia vem da Rússia, metade do qual passa através da Ucrânia. Daí que nas últimas duas ocasiões em que os dois países se desentenderam quanto a este negócio, em 2006 e 2009, houve perturbações no fornecimento de gás natural à Europa.

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