O PS de António Costa vê “com enorme preocupação” a proposta de compra da PT Portugal pela Altice, que esta segunda-feira ofereceu por ela mais de sete mil milhões de euros. E desafia o Governo a “liderar, com outros acionistas, a análise da melhor forma de defender os interesses portugueses”. E, “se necessário, procurar alternativas”, incluindo outros fundos internacionais que possam estar interessados.

No Fórum TSF desta manhã, o deputado Paulo Campos, secretário de Estado das telecomunicações no Governo de José Sócrates, defendeu-se da crítica sobre a perda da golden share, no tempo da negociação do memorando de entendimento, argumentando que ela podia ter sido “substituída” pelo Executivo de Passos Coelho: “O Governo português tinha um conjunto de alternativas, através de legislação própria, estatutos e acordos parassociais, para defender interesses específicos da PT. Mas desfez-se da golden share de forma convicta”, disse o deputado, acusando Passos Coelho de se ter “demitido” de olhar por algumas empresas como a Cimpor.

Agora, diz Paulo Campos, deve olhar para a PT de outro modo. “O Estado tem uma capacidade de intervenção dentro da própria empresa”, alega o socialista, dizendo que o Novo Banco “é acionista” e que, “através de fundos de pensões, o Estado tem também uma participação adicional”. Na verdade, o Novo Banco tornou-se acionista da própria Oi, após a fusão das duas empresas. E o Novo Banco é propriedade do Fundo de Resolução, que é participado pelas instituições bancárias a operar em Portugal. “O Estado é o maior acionista da PT”, insistiu Paulo Campos, pretendendo agora a defesa da empresa “pela sua inovação, capacidade de emprego e de puxar muitas PME e grandes empresas”.

Paulo Campos nunca disse rejeitar liminarmente a proposta feita pela Altice (“O PS não tem conhecimento da oferta, mais importate é o interesse estrtatégico da PT e em que contexto vão ser operados”). Mas deixa claro o desconforto com ela — “Portugal não pode ver retirado um dos seus principais ativos” — e com o que diz ser “uma situação difícil para Portugal e para a economia”.

 

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