Uma força da natureza. Um ícone de estilo e um nome que acarreta uma legião de fãs. Até há um ano eram poucos os que conheciam Lupita Nyong’o, a atriz de 31 anos que, da primeira vez que participou numa longa-metragem, levou para casa o prémio máximo da representação — um Óscar de melhor atriz secundária pelo trabalho em 12 Anos Escravo, do realizador Steve McQueen. Falar da estrela é, pois, falar do “The Lupita Effect”: a expressão que invadiu a imprensa internacional em força encontra razão de ser no facto de, apesar de uma rápida ascensão ao pódio, a atriz já ter deixado um impacto duradouro nas indústrias do cinema e da moda.

As provas que justificam um “efeito” que leva os fãs a seguir com atenção todos os passos de Lupita são mais que muitas. Em julho último, a estela estreava poses fotográficas na capa da bíblia da moda, isto é, a edição norte-americana da Vogue e, em abril, era votada a mulher “mais bonita” pela People’s, na 25º edição da atribuição dos títulos — a beleza de Nyong’o ofuscou as atrizes Keri Russell, Gabrielle Union e Molly Sims, que também figuravam na lista. A jovem mulher de pele cor de ébano, nascida no México e criada no quente Quénia, foi ainda apontada como embaixadora da Lancôme no mesmo mês. “Ela está mesmo a ter o melhor ano de sempre”, esclarecia, então, a Time. 

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Agora, Lupita faz capa da edição de dezembro da Glamour, publicação que optou por considerá-la a “Mulher do Ano“. A revista chega às bancas (lá fora) a 11 de novembro, já é possível ler a entrevista aqui. Nela, a artista fala sem rodeios do tão badalado “Efeito Lupita”: não se sente uma estrela e tem saudades de pequenas coisas que, dada a fama, já não pode fazer — como andar na rua sem ser reconhecida. “Com o sucesso vem mais responsabilidade, um sentido maior de existência que é desconfortável”.

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Admite ainda que até ver personalidades como Oprah e Whoopi Goldberg, no filme A Cor Púrpura, não tinha noção de que realmente podia representar. “Acho que me sinto como se tivesse sido catapultada para um lugar diferente (…) Eu tinha o sonho de ser atriz, mas não pensei em ser famosa. E ainda não sei como ser uma celebridade; é algo que estou a aprender e gostava que existisse um curso em como lidar com isso”. Lupita explica ainda que Oprah foi um ponto de referência: “Temos o dicionário, a Bílbia e temos a Oprah”.

Mas a indústria cinematográfica não foi a única a deixar-se encantar pelo feitiço de Lupita, escreve o Huffington Post. Sem saber, a artista criou uma tendência de beleza quando compareceu na cerimónia de entrega dos Óscares com os “lábios Clarins”. Em poucos minutos, a hashtag #LupitasLipBalm tornou-se num tending topic no Twitter e, mais tarde, a respetiva marca emitiu um comunicado a dar conta que o produto em questão estava praticamente esgotado em todo o país. Acrescente-se que a estilista de Lupita — Micaela Erlanger — foi também catapultada para um terceiro lugar na lista anual que consagra estilistas poderosas, realizada pela Hollywood Reporter, e passou à frente de nomes sonantes como Rachel Zoe e Leslie Fremar, que trabalha para a atriz Scarlett Johansson.

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Posto isto, seria de esperar que Lupita se sentisse sempre bonita. À questão colocada pela Glamour, responde que o que ela entende como os padrões de beleza europeus são tidos como uma praga em todo o mundo. “A ideia de que pele mais escura não é bonita e a que pele clara é a chave para o sucesso e o amor” não está correta, argumenta, e chega inclusive ao continente africano. A artista traz à conversa a recordação do que uma professora chegou a dizer-lhe em tempos: “Onde vais encontrar um marido? Como vais encontrar uma pessoa mais escura do que tu?”

Nyong’o, Lupita passou a maior parte da sua vida em Nairobi. A infância, apesar de privilegiada, foi pouco estável tendo em conta que o pai, atualmente professor de ciências sociais, chegou a ser opositor do governo vigente de Daniel arap Moi. Divergências e conflitos à parte, Lupita reclama a existência de uma família unida e que terá contribuído para o despertar de uma carreira enquanto atriz. O seu primeiro papel “legítimo” – é a Vogue que coloca as aspas – surgiu aos 14 anos, no teatro semiprofissional de Nairobi. Em 2003, com 20 anos, começa a ter aulas de cinema e estudos africanos na Hampshire College, em Massachusetts, e, três semanas antes de se licenciar na Yale School of Drama, é escolhida para o papel que a vai ascender ao estrelato.

Na calha, como planos futuros, estão projetos com a Disney e com a saga Star Wars. No filme Star Wars: Episode VII, que chega aos cinemas apenas no Natal de 2015, Lupita vai contracenar ao lado de Oscar Isaac e Adam Driver.