O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, advertiu que poderá existir um reforço das sanções contra a Rússia se a crise na Ucrânia se agravar, apelando também a que o cessar-fogo continue.

Em Paris, onde se reuniu com Laurent Fabius, chefe da diplomacia francesa, John Kerry resumiu a posição de Washington: “a escolha é da Rússia”. Os Estados Unidos, recordou, têm “dito repetidamente que se o acordo de Minsk [que instituiu, em setembro, o cessar-fogo no Leste da Ucrânia] for totalmente aplicado, as sanções podem ser retiradas mas, se não for, a pressão só vai aumentar”, disse aos jornalistas.

Kerry adiantou ainda que falou com o Presidente ucraniano, Petro Poroshenko, para debater a “necessidade de conservar” o cessar-fogo. Dito doutra forma, o importante é “não cair na armadilha” de Moscovo, enveredando por “um processo de olho por olho”.

O cessar-fogo está seguro por um fio depois de Petro Poroshenko ter acusado os rebeldes pró-Rússia de estarem a pôr em risco o processo de paz e ter dado ordens às tropas ucranianas para regressarem às cidades do leste do país. No terreno, tem sido reportada uma intensificação dos confrontos: nas últimas 24 horas, dois soldados ucranianos morreram e nove ficaram feridos.

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As autoridades de Kiev anunciaram que vão cortar os fundos do governo central para as zonas separatistas de Donetsk e Lugansk, para evitar o financiamento dos “terroristas”. Kiev reagiu desta forma às eleições de domingo nas regiões separatistas, reconhecidas unicamente pela Rússia e consideradas ilegais e contrárias ao plano de paz pela Ucrânia e seus aliados ocidentais.

A Ucrânia e a Rússia assinaram em Minsk, a 5 de setembro, um acordo que previa um cessar-fogo dos confrontos no leste do país e a realização de eleições nas regiões de Donetsk e Lugansk. No entanto, os dirigentes das duas autoproclamadas “repúblicas populares” recusaram eleições organizadas por Kiev nos territórios que controlam e anunciaram um escrutínio local, realizado no passado dia 2.

Iniciado em abril, o conflito no leste da Ucrânia já fez cerca de quatro mil mortos.