O Banco Central Europeu (BCE) está pronto para avançar com mais medidas de estímulo monetário “se for necessário” e já formou uma equipa de técnicos em Frankfurt com a missão de preparar o terreno para essa eventualidade, que poderá envolver um programa de compra massiva de dívida pública dos países da zona euro.

“O Conselho de Governadores encarregou técnicos do BCE e as comissões do eurossistema relevantes [nos diferentes bancos centrais nacionais] para assegurar uma preparação atempada de mais medidas a serem aplicadas se for necessário”, afirmou Mario Draghi na conferência de imprensa após mais uma reunião do Conselho de Governadores. Uma reunião em que o BCE manteve a taxa de juro de referência inalterada no mínimo histórico de 0,05%.

Mario Draghi garantiu que “o Conselho de Governadores é unânime no compromisso em recorrer a instrumentos não convencionais adicionais, no âmbito do seu mandato”. O mandato primário do BCE é manter a taxa de inflação homóloga perto de 2%, mas esse registo ficou-se pelos 0,4% em outubro, o que leva alguns especialistas a acreditar que o banco central terá de tomar mais medidas de estímulo monetário.

Se as medidas anunciadas em junho pelo BCE, que preveem a compra de vários tipos de títulos de dívida privada, não forem eficazes, poderá passar-se para um programa de compra generalizada de dívida, o que incluiria dívida pública dos Estados da zona euro. O objetivo é aumentar o balanço do BCE em um bilião de euros, fazendo regressar a dimensão do balanço para níveis de março de 2012 (cerca de três biliões de euros, no total).

As palavras de Mario Draghi “apontam para mais medidas, potencialmente já na reunião de 4 de dezembro ou no início de 2015”, diz Christian Schulz, economista do Berenberg, em nota de análise a que o Observador teve acesso. “O BCE está claramente cada vez mais entusiasmado com as ideias da expansão do balanço e de um programa de expansão monetária”, diz o economista, que atribui uma probabilidade de 40% a que isso se confirme até ao início de 2015.

O presidente do BCE aproveitou, também, para negar que exista uma cisão dentro do Conselho de Governadores quanto à tomada de mais medidas de estímulo. “Quando discordamos nas nossas opiniões e nas políticas… não existe uma linha que separa Norte e Sul. Não existe uma coligação, de modo algum”, garantiu Mario Draghi.

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