Os moradores de uma pequena cidade alemã conseguiram transformar uma parada neo-nazi num evento de angariação de fundos anti-nazi, ao pregarem uma partida aos apoiantes do terceiro Reich, conta o Independent. Durante muitos anos, Wunsiedel foi inundada por neo-nazis durante novembro, quando os militantes da extrema direita marcham pela cidade no dia Nacional dos Heróis. A escolha pela cidade de Wunsiedel deve-se ao facto de esta ser o local onde está enterrado Rudolf Hess, ministro de Adolf Hitler entre 1933 e 1941.

Em 2011, os quase mil habitantes da cidade – com o acordo dos familiares – conseguiram que os restos mortais do ministro de Hitler fossem trasladados para outro local e que a sepultura fosse destruída. Contudo, as paradas pela cidade não desapareceram. Este ano, com o aproximar da data da parada neo-nazi – 15 de novembro-, uma campanha chamada “Rechts gegen Rechts” (“Direita contra direita”, em português) decidiu transformar o passeio neo-nazi pela cidade num evento de angariação de fundos para caridade.

Em vez de protestarem contra a manifestação de extrema-direita, os donos das lojas locais e moradores de Wunsiedel prometeram doar dez euros por cada metro que os neo-nazis marchassem na cidade. E com esta estratégia, conseguiram angariar dez mil euros. Os moradores, com sentido de humor, doaram o dinheiro à associação EXIT-Deutschland, organização de caridade que ajuda pessoas a abandonar grupos neo-nazis.

Até ao começo da marcha pela cidade, os militantes neo-nazis não faziam ideia daquilo que estava preparado. Mas devem ter estranhado os cartazes motivacionais que estavam espalhados pela cidade e a chuva de confettis com que foram brindados no final da marcha. Os moradores da cidade até ofereceram comida aos manifestantes ao longo da caminhada. Mas havia um truque: a comida estava embrulhada em papel que tinha escrito “Mein Mampf” (“A minha comida”), uma piada com “Mein Kampf” (“A minha luta”), livro escrito por Adolf Hitler enquanto esteve preso.

No final, um cartaz explicava que eles tinham acabado de angariar fundos contra eles próprios. “Foi um sucesso absoluto”, garantiu Inge Schuster, porta-voz do presidente da Wunsiedel.

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