A estratégia de consolidação orçamental deve continuar como planeado mas, caso a economia encontre novos percalços pelo caminho, as autoridades devem deixar o défice derrapar para minimizar a contração, defende a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que alerta também para o perigo de reversão das reformas estruturais.

Nas projeções económicas divulgadas esta terça-feira, a OCDE assume que o plano de consolidação orçamental “vai continuar como planeado” após o fecho do programa de resgate.

A OCDE defende que será preciso continuar essa estratégia de consolidação e que a economia cresça para reduzir o elevado nível de dívida pública, mas também que as autoridades devem deixar os estabilizadores automáticos funcionarem. Estes estabilizadores (entre os quais se contam por exemplo o subsídio de desemprego) podem provocar um aumento da despesa pública, mas também ajudam a que a alisar a contração do ciclo económico e o efeito da contração nas famílias.

A OCDE alerta ainda, como já o tinha feito no mês passado quando veio a Lisboa apresentar o relatório económico sobre Portugal, que se devem proteger as reformas já feitas e evitar uma reversão do trabalho desenvolvido durante o resgate, o que podia ter consequências para a competitividade da economia.

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“A reversão de algumas reformas estruturais, tais como a negociação coletiva, podem reduzir a capacidade da economia de recuperar competitividade”, diz a OCDE no relatório divulgado hoje.

Menos desemprego, o mesmo crescimento

As previsões da OCDE para a economia portuguesa ficam praticamente inalteradas, tal como também ficam as previsões para o défice, que a OCDE espera que seja superior ao esperado pelo Governo. A exceção são algumas mudanças na composição do crescimento e uma previsão mais otimista para a taxa de desemprego.

A OCDE espera agora que a taxa de desemprego caia para menos de 14% já este ano, revendo a projeção em quatro décimas para os 13,7%. Em 2015, a OCDE espera agora que a taxa de desemprego caia para 12,8% e não 13,3% como previa no mês passado, e que em 2016 caia para 12,4%, em vez de 13%.

O crescimento esperado para o total da economia continua igual (e mais pessimista em duas décimas que o Governo tanto em 2014, como em 2015). A OCDE prevê que a economia cresça 0,8% este ano, e que avance para os 1,3% em 2015.

As mudanças na composição do crescimento são, por isso, pequenas. A OCDE espera que as exportações líquidas sejam superiores em 0,1 pontos percentuais ao previsto o mês passado e que a queda do consumo público seja inferior em 0,2 pontos percentuais.