Ricardo Salgado e José Maria Ricciardi já não vão ao Parlamento na primeira semana de dezembro, no quadro da comissão parlamentar de inquérito aos atos de gestão do Banco Espírito Santo (BES) e Grupo Espírito Santo (GES). As suas audições vão ser adiadas uma vez que nessa semana os deputados vão antes ouvir os dois responsáveis do departamento de supervisão do Banco de Portugal que acompanharam o BES.
As audições do ex-presidente do BES e do presidente do BESI, que estavam marcadas para os dias 3 e 4 de dezembro, serão reagendadas. Mantêm-se contudo as audições previstas para o dia 2 de dezembro, terça-feira, dia em que serão ouvidos Vítor Bento, o primeiro presidente do Novo Banco, e um dos sócios da auditoria do BES, a KPMG, Sikander Sattar.
Inicialmente, a comissão de inquérito parlamentar ao BES tinha apontado como datas indicativas os dias 3 e 4 de dezembro para ouvir Salgado e Ricciardi. O presidente da comissão de inquérito, Fernando Negrão, afirmou ao Observador estar “a harmonizar datas” e que o novo calendário ficará fechado até segunda-feira. As audições dos dois ex-administradores do BES foram adiadas porque o PCP pediu que os dois responsáveis do Banco de Portugal que acompanharam o BES fossem ouvidos primeiro. Este requerimento do PCP deu entrada na última sexta-feira.
A convocatória para Salgado e Ricciardi deverá seguir nos próximos dias. Não é ainda claro se este adiamento das audições de membros da família Espírito Santo poderá ter implicar outras alterações no calendário indicativo aprovado na comissão.
Nova audição de Carlos Costa e mais documentos
O deputado social-democrata Carlos Abreu Amorim confirmou ao Observador que o PSD vai pedir uma segunda audição do governador do Banco de Portugal, na sequência de contradições entre as declarações de Carlos Costa sobre pareceres de juristas relativos à possibilidade de retirar a idoneidade ao ex-presidente do BES.
Esta intenção é o resultado da carta enviada à comissão pelo jurista que fez um dos pareceres. Pedro Maia contesta a interpretação dada pelo governador ao seu parecer e considera que o Banco de Portugal teria poderes para retirar a idoneidade a Ricardo Salgado. Este responsável também será chamado pelos deputados.
A maioria pediu ainda documentos adicionais ao Banco de Portugal, nomeadamente um documento entregue pelo contabilista do Grupo Espírito Santo, Francisco Machado Cruz, a esta instituição em maio de 2014, o plano de sucessão entregue por Ricciardi e uma análise da instituição “à compra de um banco espanhol pelo BES”. O PSD e o CDS pediram ainda à Espírito Santo Internacional a primeira e segunda fase do trabalho de revisão limitada de finalidade à demonstrações financeiras consolidas pró-forma da Espírito Santo Internacional.