Dois ex-diretores de departamento do BES foram constituídos arguidos na sequência das buscas judiciais efetuadas esta quinta-feira a instalações do antigo Banco Espírito (BES) e de residências de antigos administradores, apurou o Observador junto de fonte da Polícia Judiciária.
Segundo a Agência Lusa, os arguidos estavam ligados à comercialização de dívida das ‘holdings’ do Grupo Espírito Santo (GES) aos balcões do Banco Espírito Santo (BES) terão transitado para o Novo Banco.
“No âmbito da operação ontem [quinta-feira] desencadeada foram constituídos dois arguidos. Esta constituição não está relacionada com a atividade por estes arguidos desenvolvida no Novo Banco”, referiu a PGR, em resposta enviada à agência Lusa, sem mais pormenores.
As buscas realizadas na sequência da queixa-crime apresentada pelo Banco de Portugal passaram pelas instalações informáticas do ex-BES no Tagus Park e conduziram à apreensão de cinco milhões de documentos.
Na quinta-feira, o presidente do Novo Banco, Eduardo Stock da Cunha, assegurou que as operações judiciais no terreno eram assuntos do BES, no entanto, entre os arguidos estarão quadros que transitaram para o Novo Banco com a funções de direção.
Uma das operações sob investigação prende-se com a venda e recompra de obrigações emitidas pelo Banco Espírito Santo, uma transação em que participou a empresa suíça Eurofin que terá provocado perdas de quase mil milhões de euros no banco, em benefício de empresas do Grupo Espírito Santo (GES).
Na ata da reunião do Banco de Portugal que a 30 de julho suspendeu de funções administradores do BES e responsáveis pelos órgãos de controlo interno, são descritas operações de recompra de títulos de dívida do BES executadas pelo Departamento Financeiro, de Mercado e Estudos, que então era dirigido por Isabel Almeida, e com conhecimento do então administrador do pelouro, Amílcar Morais Pires. O mesmo documento refere que “não era comum a prática de aquisições sistemáticas de dívida própria, tanto mais geradoras de perdas”.
Isabel Almeida chegou a ser indicada para a comissão executiva do BES numa lista que propunha como presidente executivo Amílcar Morais Pires e ainda a entrada de Ana Rita Barosa. O Banco de Portugal não chegou a dar luz verde a estes nomes, que foram substituídos por Vítor Bento, João Moreira Rato e José Honório.
As operações de recompra de obrigações do BES, no quadro das operações intermediadas pela Eurofin, prosseguiram ainda depois da entrada de Vítor Bento para a administração do banco, tendo o ex-presidente justificado que estas compras respeitaram as expectativas, explícitas ou implícitas, de liquidez e reembolso dos clientes que as compraram e seguiram recomendações ou determinações da CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários).