Turismo, tecnologias de informação e comunicação, “economia verde” são algumas das áreas onde mais oportunidades de trabalho e novas profissões poderão surgir na próxima década. Apesar disso, o crescimento estimado do emprego em Portugal será “modesto”, aponta Ana Cláudia Valente no estudo “Novos mercados de trabalho e profissões” que será formalmente apresentado terça-feira, dia 2 de dezembro, no encontro “Empregabilidade e Ensino Superior”. Este encontro está enquadrado na Missão 1º Emprego e no âmbito do Consórcio Maior Empregabilidade de Ensino Superior, que reuniu 13 instituições de Ensino Superior.

No caso do turismo, as estimativas no horizonte 2025 apontam para a criação de 57 mil novos postos de trabalho, um acréscimo de 19,6%, que corresponde a quase 10 vezes o crescimento previsto para o emprego em Portugal em termos globais nesta década que se segue. Há nomeadamente um forte potencial de crescimento ligado ao turismo sustentável, ao turismo social, ao turismo acessível e ao turismo sénior, “que abrem novas possibilidades para a geração de emprego qualificado, novas profissões e experiências de empreendedorismo”, destaca Ana Cláudia Valente, investigadora do Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa, da Universidade Católica Portuguesa.

Também ao nível da “economia verde” se prevê que surjam várias oportunidades, que vão além das eco-indústrias.

“A convergência das tecnologias energéticas e das tecnologias de informação e comunicação é hoje um campo com inúmeras possibilidades de exploração”, refere a investigadora no estudo.

Várias possibilidades de exploração, novas perspetivas de negócio e novas profissões poderão também surgir nas áreas das tecnologias de informação e comunicação, graças ao rápido avanço das tecnologias. O mesmo acontecerá em relação à indústria e aos serviços às empresas. E Ana Valente salienta a importância de se ter qualificações superiores.

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De acordo com o CEDEFOP (European Center for the Development of Vocational Training) surgirão até 2025 2,4 milhões de oportunidade de emprego, e mais de metade dessas (1,4 milhões) exigirão médias e altas qualificações, sendo que uma em cada quatro exigirá mesmo qualificações de nível superior. Contudo, as projeções apontam para a criação de apenas 100 mil novos empregos, um número que não chega nem a um quarto do total de empregos perdidos em Portugal entre 2008 e 2013, frisa a investigadora.

Empregadores procuram outras competências para além da preparação técnica

Ana Valente salienta ainda, no estudo que é apresentado formalmente esta terça-feira, que os empregadores procuram cada vez mais nos jovens com canudo um “mix de competências” que vão muito além das competências técnicas e científicas.

“Para mais de 60% dos empregadores na Europa a capacidade para trabalhar em equipa, o conhecimento específico do setor bem como a capacidade de comunicação, a literacia digital e a adaptação a novas situações fazem parte desse mix”, lê-se no estudo. Há ainda características muito valorizadas como a proficiência em inglês, a forte orientação para o cliente, as competências comerciais e de empreendedorismo e a capacidade para trabalhar em equipas multidisciplinares. Mas nem sempre os jovens recém-licenciados reúnem essas características.

“Um em cada cinco empregadores em Portugal identificou a falta de candidatos com as competências adequadas como a principal razão para a dificuldade de preencher as vagas disponíveis”, refere o estudo.

A investigadora acrescenta porém que essa não é a única explicação para o facto de ficarem vagas por preencher no mercado de trabalho. A incapacidade para oferecer salários competitivos, no início da carreira, é um grande obstáculo à atração dos diplomados, um entrave assumido por 55% dos empregadores.

Neste estudo, Ana Valente frisa ainda a importância das instituições de ensino superior adaptarem os seus currículos e ajustarem os fluxos da oferta, bem como atrair os jovens para formações com elevada procura e potencial falta de mão-de-obra.