O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anunciou esta terça-feira a demissão dos ministros das Finanças e da Justiça e pediu a dissolução do Parlamento, bem como a convocação de eleições antecipadas, escreve o Haaretz. Se o Knesset for dissolvido até ao final desta semana, as eleições podem ocorrer em meados de março de 2015.
A expulsão de Yair Lapid, ministro das Finanças, e de Tzipi Livni, ministra da Justiça, foi seguida de um anúncio de Netanyahu acusando os ministros de criticarem duramente a coligação governamental nas últimas semanas e acrescentando: “Não vou mais tolerar oposição dentro do Governo”.
A coligação governamental – que inclui cinco partidos de direita e do centro – está apenas há 20 meses no poder, mas encontra-se dividida por uma série de questões de natureza política e económica. As divergências são antigas, mas agravaram-se durante a semana passada por causa de uma lei sobre a natureza judaica do Estado de Israel.
No domingo, dia 23 de novembro, foi aprovado um projeto que dá prioridade ao caráter judaico de Israel em detrimento da natureza democrática do país, escrevia na altura o New York Times. A lei, que carece ainda de aprovação parlamentar, encontra oposição dentro do Governo, nomeadamente por parte de Tzipi Livni, a líder do partido centrista Hatnua. “Não vou apoiar nenhuma legislação extremista, ultranacionalista e anti-sionista”, disse a ministra da Justiça numa conferência esta terça-feira.
Esta semana, Netanyahu e Lapid, líder do Yesh Atid, o segundo maior partido da coligação, desentenderam-se devido a mudanças no Orçamento de Estado e a uma proposta de cortes fiscais para jovens casais na compra da sua primeira casa, a bandeira de Lapid neste Governo.
Na segunda-feira, o primeiro-ministro e o ministro das Finanças estiveram reunidos numa última tentativa para ultrapassarem as suas divergências, segundo o New York Times. Em discussão estava uma lista de condições que Lapid deveria aceitar: fim das críticas à política externa de Netanyahu com os EUA (Lapid acusa o primeiro-ministro israelita de ter danificado a amizade entre os dois países devido a uma atitude condescendente e insultuosa); apoio à lei da nacionalidade; aprovação das mudanças ao Orçamento; aceitação do congelamento dos cortes fiscais para jovens casais.
O mesmo jornal norte-americano escreve que Lapid recusou o ultimato e abandonou a reunião poucos minutos depois de esta ter começado. Numa conferência esta terça-feira, o ainda ministro das Finanças acusou Netanyahu de levar o país para “eleições desnecessárias”.
Analistas políticos israelitas ouvidos pelo New York Times consideram que as decisões de Netanyahu não foram influenciadas por divergências na lei da nacionalidade ou na redução dos custos na compra de casa. Para estes especialistas, o primeiro-ministro israelita quer um Governo mais maleável, composto por aliados à direita e por partidos ultraortodoxos. Segundo o Haaretz, Netanyahu deverá falar ainda hoje ao país.