A atividade vulcânica na ilha cabo-verdiana do Fogo continua em “lume brando”, com a lava a manter um avanço “lento” em direção a Portela, cuja parte norte já foi destruída, disse à agência Lusa fonte oficial.
Segundo o responsável máximo da Proteção Civil cabo-verdiana no terreno, Jair Rodrigues, a nova frente de lava, que surgiu quinta-feira e é paralela à que destruiu o lado norte de Chã das Caldeiras, está a avançar no que resta da estrada que ligava a entrada do Parque Natural do Fogo, passando pela sede da própria instituição, já soterrada, a Portela.
“Está a avançar de forma lenta. Há dois dias, a frente estava a cerca de 500 metros da primeira casa, ontem (sexta-feira) estava a menos de 300 e hoje, pela manhã, estava a 100 metros”, explicou Jair Rodrigues à Lusa, adiantando que o vulcão mantém uma atividade “mais ou menos constante” nos últimos dois dias.
As erupções vulcânicas iniciaram-se há 14 dias e a frente de lava já consumiu a parte central do planalto de Chã das Caldeiras, que serve de base aos vários cones do vulcão, obrigando à retirada das quase 1.500 pessoas residentes em Portela e Bangaeira, as duas localidades na área.
Por seu lado, o coordenador das operações da Proteção Civil cabo-verdiana, Nuno Oliveira, reforçou à Lusa que o “avanço lento” da lava provocou “alguma tranquilidade”, mas garantiu que o contingente de segurança no local, composto por elementos da polícia nacional, militares e proteção civil, mantém-se em “alerta”.
Em Chã das Caldeiras continua uma vasta equipa de geólogos e cientistas cabo-verdianos e estrangeiros a fazerem medições e avaliações do comportamento do vulcão e dos gases e material explosivo que é expelido a toda a hora.
Em Chã das Caldeiras, além do contingente das forças comandadas pela proteção civil, permanecem apenas alguns trabalhadores da Adega Cooperativa local, que, entretanto, já retirou o equipamento de “maior valor”.
Desde 23 de novembro, a lava já soterrou a metade norte de Portela, a sede do Parque Natural do Fogo, inaugurada em março deste ano, dois hotéis, uma escola, mais de 30 habitações, cisternas, currais, casas de apoio à agricultura e uma extensa área agrícola e de pastorício, não havendo até agora vítimas a registar.