Um helicóptero da cooperação portuguesa foi impedido de sobrevoar a cratera de Chã das Caldeiras do vulcão do Fogo devido à contaminação da atmosfera, disse nesta sexta-feira o almirante Alberto Manuel Silvestre Correia, da fragata Álvares Cabral. A decisão foi tomada após uma visita conjunta ao terreno de responsáveis da Proteção Civil cabo-verdiana e da fragata portuguesa, que se encontra desde quinta-feira ao largo de São Filipe a apoiar as operações humanitárias na sequência da erupção vulcânica que assola a ilha do Fogo desde 23 de novembro.

O almirante argumentou que os vários tipos de gases, sobretudo dióxido de enxofre e dióxido de carbono, poderiam causar “danos irreversíveis e irreparáveis” nas turbinas da aeronave. No entanto, garantiu que o helicóptero permanecerá na fragata “para alguma eventualidade pontual”, como uma evacuação ou uma deslocação a um local particular da ilha, “com uma missão objetiva que justifique correr o risco com a aeronave”.

Sobre o material de cariz humanitário que trouxe de Portugal, Silvestre Correia indicou que os medicamentos, alimentos, casas de banho portáteis, cobertores, colchões, água, máscaras e óculos já foram descarregados e que cabe agora à proteção civil de Cabo Verde fazer a respetiva coordenação no terreno, mediante as necessidades. Esta distribuição passou pelos três centros de acolhimento – Achada Furna (sul do Fogo) e Monte Grande e Mosteiros (norte) -, que albergam os cerca de 850 deslocados de Portela e Bangaeira.

Durante o dia, uma equipa de médicos e psicólogos da Marinha portuguesa percorreu os três centros de acolhimento na ilha do Fogo, ajudando a equipa cabo-verdiana que tem acompanhado os desalojados desde o primeiro dia.

A nova frente de lava surgida quinta-feira à noite abrandou a velocidade, ficando a alguns metros de Portela, embora a proteção civil se mantenha “sempre alerta” para qualquer mudança de comportamento, uma vez que o vulcão “é imprevisível”.

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