A erupção vulcânica que assola a ilha cabo-verdiana do Fogo “está para durar”, mas os técnicos da Proteção Civil estão “preparados para os piores cenários”, afirmou este domingo a ministra da Administração Interna de Cabo Verde.

Citada pela Inforpress, Marisa Morais falava numa conferência de imprensa em Cova Figueira, localidade no sudeste da ilha do Fogo, na presença dos três presidentes das câmaras municipais locais – São Filipe, Mosteiros e Santa Catarina – e de responsáveis da Proteção Civil.

Marisa Morais, que se encontra desde quarta-feira na ilha do Fogo, insistiu na questão da imprevisibilidade da atividade vulcânica, indicando desconhecer-se ser já se atingiu o pico da atividade eruptiva.

A esse propósito, o responsável pelas operações da Proteção Civil no terreno, Jair Rodrigues, explicou que uma erupção do tipo que tem assolado o Fogo tem “vários ciclos”, adiantando desconhecer-se se a atividade eruptiva entrou ou não no fim do primeiro.

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“O normal é a erupção vulcânica continuar. O cenário que estamos a prever é o de 1995, que demorou 56 dias. Ainda só passaram 15 dias. É preciso ter muita calma para evitar desgaste na população e na comunicação social”, afirmou.

Quanto à preocupação que já se nota no seio da população de Cotcho e Cutelo Alto (terras do café), no município dos Mosteiros (nordeste do Fogo), que já teme pela chegada das lavas, Jair Rodrigues considerou ser “ainda cedo” para se pensar num plano de evacuação das duas localidades, apesar da inclinação acentuada da encosta, que favorece o avanço das lavas.

Marisa Morais, por outro lado, garantiu que os especialistas estão a monitorar “de forma intensa, sistemática e de perto” o vulcão, através de equipamentos instalados em 2008, reforçados desde o início das erupções por mais sismógrafos, oferecidos pela cooperação portuguesa, que chegaram quinta-feira ao Fogo.

“A monitorização que está a ser feita é altamente profissional”, salientou Marisa Morais, admitindo, porém, estar-se perante uma situação “grave, que exige cautela”.

A ministra realçou que a capacidade de reação “está instalada” e “tem dado provas”, reiterando que o Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (INMG) cabo-verdiano é a única instituição credibilizada para divulgar dados oficiais.

“Estamos em plena erupção, numa situação de emergência, de catástrofe”, avisou Marisa Morais, que enalteceu a “a competência e grande profissionalismo” dos especialistas da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

Desde sábado à tarde que se intensificou a lava saída dos vários cones vulcânicos de Chã das Caldeiras, tendo já destruído praticamente a localidade de Portela e 70% da de Bangaeira.

Até agora, não há registo de vítimas, pois as duas localidades, estimadas em cerca de 1.500 habitantes, foram evacuadas ao longo da primeira semana de erupções.