A situação na ilha cabo-verdiana do Fogo, assolada há 16 dias por erupção de um vulcão, está a “agravar-se”, podendo várias comunidades locais ser retiradas dos respetivos povoados nas próximas horas, disse nesta segunda-feira o primeiro-ministro de Cabo Verde. José Maria Neves, falando aos jornalistas após receber o chefe da diplomacia da Guiné-Bissau, Mário Lopes da Rosa, não adiantou quais as localidades que podem ser atingidas pela lava do vulcão de Chã das Caldeiras, indicando apenas que a Proteção Civil está no terreno a preparar os habitantes locais nesse sentido.

“A situação está a agravar-se e, neste momento, estamos a acompanhar sistematicamente a evolução da situação. Poderão ser evacuadas novas comunidades nas próximas horas. Já estamos a trabalhar neste sentido. Temos de ir acompanhando, sem fazer previsões”, afirmou. José Maria Neves admitiu que, se a lava chegar ao declive em direção ao mar, a velocidade da torrente “aumentará rapidamente”, assegurando que serão tomadas, também nas próximas horas, “as medidas emergenciais” que se impõem. “Todas as equipas da proteção civil, forças armadas, polícia e médicas estão no terreno a acompanhar passo a passo a situação e a fazer a monitorização do vulcão, de modo a que possamos tomar as medidas que se impõem”, salientou.

Neste momento, “teremos de fazer o contacto direto com essas comunidades. A Proteção Civil está a fazer esse trabalho também e, quando chegar o momento de fazer o anúncio público, será feito. Mas já se fez o alerta às populações que deverão ser evacuadas”, concluiu.

Hoje de manhã, fonte do Gabinete de Comunicação do Governo cabo-verdiano, disse por telefone à agência Lusa, a partir de São Filipe, que a lava, após ter destruído as povoações de Portela e Bangaeira, avançou de madrugada 300 metros em direção ao pequeno casal, desabitado, de Fernão Gomes. Aleida Monteiro adiantou que a lava, inicialmente com uma frente única com uma largura também de 300 metros, se dividiu em duas, com um caudal mais estreito, ao mesmo tempo que a torrente abrandou a velocidade.

A lava que jorra do vulcão que assola a ilha do Fogo há 16 dias já ocupa mais de dois terços da zona de Chã das Caldeiras, planalto que serve de base aos vários cones vulcânicos do Fogo, tanto para o lado sul, em direção à entrada do Parque Natural da ilha, como para nordeste, tendo ultrapassado Portela e Bangaeira, sem provocar vítimas.

Se Monte Velha for atingido pela lava, a torrente ganhará novamente velocidade, dado o elevado desnível, tendo pela frente as pequenas localidades de Pai António, Feijoal e Fonsaco, que “muram” a segunda maior cidade da ilha do Fogo, Mosteiros, que alberga pouco mais de 9.500 dos cerca de 37 mil habitantes da ilha, já junto ao mar. Tudo permanece “incerto” e vai depender da inclinação do terreno, uma vez que a lava poderá seguir para oeste, em direção a Corvo, Achada Grande e Relva, onde se estima residirem cerca de duas mil pessoas.

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