“Quisemos dar um sinal político de que existem progressos. Quem pode negar isso? Ninguém“. O novo Comissário Europeu para os Assuntos Económicos e Monetários, Pierre Moscovici, avisou que não pagar a dívida equivale a um “suicídio” e deixou grandes elogios ao “esforço enorme” feito pelo Governo grego para reformar a economia. As declarações proferidas no final de uma visita de dois dias que ocorre nas vésperas de uma votação decisiva no Parlamento do país. Trata-se da nomeação de um novo Presidente da República, algo que arrisca esvaziar o apoio parlamentar ao executivo de Antonis Samaras e fazer cair o Governo.
O francês Pierre Moscovici sublinhou que “a zona euro envolve deveres, deveres recíprocos. Quando alguém tem uma dívida, essa dívida tem de ser reembolsada”. “Contemplar a ideia de não reembolsar a dívida é, na minha opinião, um suicídio“, defendeu o antigo ministro das Finanças de França.
A visita de Pierre Moscovici nesta altura foi vista pela oposição como uma interferência na política interna do país. Isto apesar de o Comissário Europeu nunca se referir ao partido Syriza, que lidera as sondagens e poderia ser o partido mais votado caso houvesse hoje eleições legislativas. Alexis Tsipras, o líder do Syriza, deixou um alerta: “Seja o que for o que eles estão a fazer, não vai resultar e vai virar-se contra eles“, numa referência ao que acredita ter sido uma visita orquestrada para influenciar a votação parlamentar que acontece esta quarta-feira.
A Constituição grega prevê a necessidade de uma super-maioria de 180 deputados, entre o total de 300, para eleger um sucessor para Karolos Papoulias, o atual presidente da Grécia. A coligação liderada por Samaras controla apenas 155 deputados, o que obriga a que outros deputados, nomeadamente os independentes, apoiem a nomeação de Stavros Dimas, o candidato escolhido esta terça-feira pelo Governo.
Está longe de ser uma certeza de que isso seja possível. Se não houver um consenso mínimo de 200 deputados para eleger o presidente na votação a 17 de dezembro, haverá uma segunda volta a 22 de dezembro onde também serão necessários 200 votos. Se não for possível, haverá uma terceira e última ronda a 29 de dezembro, onde serão necessários 180 votos favoráveis. Se isso não acontecer, o Governo cairá.
A incerteza em torno desta eleição presidencial fez regressar a incerteza à zona euro, com os juros da dívida grega a subirem novamente para mais de 8% e a bolsa de Atenas a sofrer a maior quebra desde 1987.