O líder da Renamo, o maior partido da oposição em Moçambique, Afonso Dhlakama, expulsou este domingo a equipa da Televisão de Moçambique (TVM), estação estatal, que cobria o Conselho Político da organização, por inviabilizar a visibilidade do movimento.

Afonso Dhlakama, líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), ordenou, em plena sessão, que o jornalista e “cameraman” da TVM, da delegação de Sofala, destacados para cobrir o evento, deixassem a sala, por suspeita de “espionagem” e por alegadamente terem ordens para não publicarem as matérias.

“Fiz [a expulsão] por satisfação pessoal e dos membros do partido. Chega de brincadeiras. Eles filmam muito tempo e não tiram nada. Inclusive, já abordei o PCA [presidente do conselho de administração] sobre a situação”, disse Afonso Dhlakama, quando questionado pela imprensa sobre a sua posição.

“A TVM não é de [Armando] Guebuza, [Presidente da República], nem da Frelimo [Frente de Libertação de Moçambique, no poder]. É uma televisão pública e sobrevive dos nossos impostos”, declarou Afonso Dhlakama, insistindo que o órgão de comunicação envia jornalistas e nunca faz notícia dos acontecimentos da Renamo.

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Afonso Dhlakama foi recebido com entusiasmo pela população, desde que saiu do seu esconderijo em Sadjundjira, 11 meses após assalto, pelo exército, do seu acampamento, para assinar o acordo de cessação das hostilidades militares com o Presidente moçambicano, Armando Guebuza.

O acordo encerrou 17 meses de confrontos no centro do país, com um número desconhecido de mortos e milhares de deslocados.

Dhlakama tem arrastado multidões, desde a sua campanha eleitoral até às recentes viagens de agradecimento ao eleitorado pelo voto e para divulgar a sua ideia de governo de gestão, mas acusou as equipes da TVM de não divulgar as suas actividades nem as enchentes dos seus encontros e comícios.

“Não tenho culpa de seu popular”, frisou hoje Afonso Dhlakama, largamente aplaudido pelo público presente, em apoio à medida da expulsão.

Dhlakama adiantou que a TVM só voltará a cobrir os eventos da Renamo, com uma explicação do PCA da televisão e um pedido formal de desculpa.