A próxima ronda de audições na comissão parlamentar de inquérito aos atos de gestão do Banco Espírito Santo (BES) e Grupo Espírito Santo (GES) vai chamar Luís Horta e Costa, administrador da Escom, empresa do grupo que nunca chegou a ser vendida à Sonangol, e o presidente da comissão executiva da Tranquilidade, Pedro Brito e Cunha.
As audições já agendadas até 20 de janeiro incluem ainda Rita Barosa, que fez parte da direção financeira do BES, e foi secretária de estado do atual governo. De fora, ficam para já os ex-gestores da Portugal Telecom, designadamente Zeinal Bava e Henrique Granadeiro, num momento em que a PT está debaixo de fogo por causa dos investimentos realizados na Rioforte, cuja auditoria foi entregue esta terça-feira à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários, depois de buscas efetuadas na sede da empresa. O nome destes dois gestores faz parte da lista de mais de 100 pessoas que os deputados querem ouvir no quadro desta comissão.
Sikander Sattar, presidente da KPMG Portugal, vai voltar a ser ouvido, mas desta vez na qualidade de presidente da KMPG Angola. A empresa era a auditora do BES e do BESA (Banco Espírito Santo Angola). O calendário das próximas audições:
8 de janeiro: Francisco Machado da Cruz, ex-contabilista da Espírito Santo Internacional
13 de janeiro: Isabel Almeida, ex-diretora financeira do BES, e António Sotto, antigo administrador do BES
14 de janeiro: Sikander Sattar, presidente da KPMG Angola
15 de janeiro: Luís Horta e Costa, ex-presidente da Escom
20 de janeiro: José Alves, presidente da PricewaterhouseCoopers, que foi a auditora até 2002, Sílvia Gomes, administradora da KPMG
21 de janeiro: Rita Barosa, que desempenhou funções na direção financeira do BES e foi secretária de estado da Administração Local e Reforma Administrativa, quando o ministro Miguel Relvas.
22 de janeiro: Pedro Beauvillain de Brito e Cunha, presidente da comissão executiva da Tranquilidade
Esta quarta-feira está a ser ouvido José Castella, antigo controller (responsável pela área financeira e tesouraria) da Espírito Santo Internacional (ESI). O responsável, que também gravava as reuniões do conselho superior do GES, está a ser ouvido à porta fechada. Da informação que vai saindo cá para fora, sabe-se que começou por recusar dar grandes explicações sobre algumas das matérias mais sensíveis, como a falsificação das contas da ESI, a Eurofin ou a venda da Escom. Castella é arguido em processos sob investigação em Portugal e no Luxemburgo.
O ex-controller da ESI terá contudo explicitado quem reportava a quem na ESI, empresa que centralizava a gestão de tesouraria do grupo e onde foi detetada ocultação de passivo que conduziu ao colapso do GES. Adiantou, por exemplo, que o contabilista Machado da Cruz, reportava a si, embora também pudesse reportar ao conselho de administração da ESI, onde eram vogais Ricardo Salgado, José Manuel Espírito Santo e Manuel Fernando Espírito Santo, mas o ex-controller que referiu explicitamente reuniões com o antigo presidente do BES.