Descobrir porque é que as zebras têm riscas ou como é que elas evoluíram é um desafio que tem motivado muitos cientistas. Alguns investigadores sugeriram que elas servem para enganar os predadores, outros para evitar as picadas de insetos, mas o que a equipa de Brenda Larison, investigadora na Universidade da Califórnia propõe é que estão associadas a fatores ambientais, mais propriamente à temperatura, conforme o artigo publicado esta quarta-feira na revista científica Royal Society Open Science.

Avaliando a espessura, comprimento e saturação de cor das riscas das zebras em vários pontos da zona de distribuição, permitiu perceber que a temperatura é o melhor preditor da espécie, logo do tipo de riscas – porque cada espécie tem um tipo de riscas específico -, é mais provável em determinada localização. Estes resultados podem trazer força à tese ainda não testada de que as riscas têm uma função de termorregulação – como o preto e o branco absorvem o calor de formas diferentes geram-se correntes de ar à superfície do animal.

Embora a equipa de Brenda Larison, tenha conseguido justificar o padrão das riscas do dorso com a temperatura, não conseguiu fazê-lo em relação à variação do padrão nas pernas. Os investigadores consideram que esta variação pode estar relacionada com a forma de evitar as picadas de insetos que transportam doenças, uma vez que estes preferem esta região do corpo. Contudo rejeitam que o padrão das riscas em geral possa dever-se a este fator.

Zebra_Larison et al 2015 RSOS

A temperatura parece estar correlacionada com o padrão de riscas do dorso, mas não das pernas – Larison et al (2015) RSOS

Mesmo tendo estabelecido uma correlação entre os padrões das riscas e a temperatura, os investigadores não conseguem explicar de que forma um influencia o outro, nem se os padrões conferem uma vantagem aos animais. Aliás, até ao momento ainda não foi possível provar se as riscas evoluíram no sentido de conferirem vantagem a um animal ou se foram uma característica retida enquanto outras evoluíam.

As riscas das zebras, tão diferentes entre cada indivíduo como as nossas impressões digitais, podem ter um papel social, nomeadamente na identificação de cada elemento e na coesão do grupo. Quando em grupo, as riscas podem ter um efeito sobre os predadores, confundindo os limites do animal ou dando a ilusão de um movimento diferente do real, conforme os resultados publicados por Martin How, da Universidade de Queensland (Austrália), e Johannes Zanker, da Universidade de Londres (Inglaterra), na revista Zoology. Outro estudo, publicado por Gábor Horváth, da Universidade de Eötvös (Hungria), na revista The Journal of Experimental Biology, aponta que, como o preto e o branco refletem a luz de formas diferentes, as moscas sugadoras de sangue ficam confusas e escolhem padrões lisos, preferencialmente de cores escuras.

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