O valor cobrado em impostos e contribuições pelo fisco e pela Segurança Social entre janeiro e setembro do ano passado aos contribuintes portugueses superou as estimativas do Governo para a totalidade do ano e são o principal fator a meter o défice orçamental em linha, de acordo com a Unidade Técnica de Apoio Orçamental.
Numa análise às contas nacionais em contabilidade nacional, a que o Observador teve acesso, os técnicos da UTAO explicam que nos primeiros nove meses do ano a receita teve “uma evolução mais favorável do que a prevista para o conjunto do ano”. A isto deve-se, em especial, um aumento da receita cobrada pelo fisco que cresceu 5,4% face aos primeiros nove meses do ano anterior, quando para o total do ano o Governo espera que tinha crescido 3%.
Os números evidenciam-se mais considerando que a última estimativa para a receita fiscal surge com a apresentação do Orçamento do Estado para 2014, que foi apresentado precisamente em outubro do ano passado.
Apesar do valor cobrado em impostos ser significativamente mais alto que o esperado, o défice está apenas em linha com o previsto para a totalidade do ano, que é de 4,8% já com as derrapagens nas contas provocadas com o financiamento das empresas públicas de transportes.
O valor extra de impostos que os portugueses tiveram que pagar acaba por compensar desvios noutras rúbricas, em especial os gastos maiores que o esperado com pessoal e com prestações sociais.